Mulheres: Uma Grande Força No Cuidado Emocional Infantil

Mulheres: Uma Grande Força No Cuidado Emocional Infantil

Atualmente, e cada vez mais, estudos científicos na área da saúde mental evidenciam a
importância do cuidado emocional da criança, e repercussões da relação pai-mãe-bebê à
saúde mental infantil e, a longo prazo à de adolescentes e adultos. Dessa forma, diante de tão
vasto assunto, aqui nos propomos introduzir reflexões posteriores sobre tão abrangente
temática.

Nessa reflexão, introduzimos observações sobre aspectos relacionados ao processo de
crescimento e desenvolvimento integral da criança e a relevância do papel das mulheres nesse
processo, mais especificamente, no Cuidado à Saúde Emocional.
Reforço que esse cuidado perpassa, e conecta olhares e saberes integrados à saúde mental
infantil e juvenil. Que indescritível desafio e privilégio! Esse também pode e deve ser
compartilhado com a participação do homem – pai. Pai presente e participativo no cuidado
emocional do filho/a. Bem, mas aqui o nosso foco é: a força da mulher nessa função: Cuidado
Emocional Infantil.

Mulheres no cuidado e proteção

Oportuno enfatizar que me refiro a um CUIDADO QUE PROTEJE, PROMOVE SAÚDE
EMOCIONAL E PREVINE ADOECIMENTOS NA SAÚDE MENTAL. Um cuidado consciente; baseado
em experiências positivas e consistentes; integrado em fatores protetores e promotores ao
crescimento e desenvolvimento total da criança e adolescente; e que corresponde as
demandas de caracteres pessoais e individuais em contextos ambientais do seu cotidiano –
fatores epigenéticos à Saúde Biopsicossocial infantil. DESAFIADOR? Sim, DESAFIADOR!
Contudo, reiteramos a afirmativa do tema – Mulheres: Uma Grande Força No Cuidado
Emocional Infantil!

Ser Mulher ..

Para tanto, o que resumidamente podemos destacar na pessoa da mulher, e com potencial
resposta positiva à tão enfática afirmação?

Ser Mulher – relevância ímpar da criação; ser com diversidade de potencialidades em sua
própria história; potencial participativo e influente no protagonismo pessoal, familiar,
comunitário, social e espiritual. Dessa forma, com potencialidades a serem desabrochadas nas
diversas fases da vida, papéis e desafios de seu ciclo vital – nasce uma mulher! Capacidades
imensuráveis de: virtudes, competências, habilidades, talentos, criatividade, empatia,
determinismo, persistência, resiliência, superação, … compõem uma mulher! Atributos que
urgem serem instrumentalizados em ferramentas uteis, habilidades imprescindíveis no
cuidado à saúde emocional infantil e juvenil.

Um admirável, abrangente cenário de cuidado emocional: a maternidade! Materno e eterno,
marcas que podem transcender o mundo natural (secular), e impactar o sobrenatural
(espiritual), no sentido da referência materna no cuidado à saúde integral e educação à vida
dos filhos. Que imensurável privilégio e tamanha responsabilidade! Assim, requer de nós,
mulheres; muita atenção, dedicação, compromisso, alerta!
E o que pensamos e enfatizamos, sobre a força desse cuidado emocional feminino em
contextos mais ampliados: social, comunitário, espiritual, profissional; indo além do ambiente
familiar, no atual cenário? Aqui refiro ao cenário extremamente desafiador, sobretudo quando
ainda enfrentamos demandas decorrentes da Pandemia Covid-19, impactos impossíveis de mensurar em suas múltiplas dimensões e expressões a curto, médio e longo prazo. Demandas que requerem ações conjuntas, articuladas e interligadas com estratégias de enfrentamento mobilizando todos os setores sociais atuantes no cuidado à saúde mental do público infanto-juvenil e suas famílias. Eu, você, todos convocados/as a entrar, mobilizar, movimentar uma grande rede de atenção e atuação.

Pela abrangência e possíveis desdobramentos do tema, conforme acima referido,
pretendemos continuar nossas observações em reflexões posteriores. Nesse sentido, aqui
focamos atributos do Ser MULHER relacionados à função cuidado emocional. Lembrando
sempre: para o ser integral – a pessoa, sempre se faz necessário um cuidado individualizado –
pessoal e integrado de suas partes (físico, mental, social, espiritual).

Ressalto que: pesquisas têm evidenciado a importância da relação pai-mãe-bebê; que na vida
intrauterina inicia o desenvolvimento de estruturas cerebrais relacionadas a saúde mental; e
que as experiências positivas, de vínculos relacionais seguros até os três anos de idade são
muito mais importantes do que imaginamos à saúde mental da futura criança. E essa pessoa –
criança, é o futuro adolescente, e a longo prazo, um adulto com suas memórias emocionais,
inseridas e compondo sua história de saúde ou adoecimento mental.

Como ser exemplo de mulher

Nesse sentido, vejamos um cuidado que acompanha fases de desenvolvimento de uma
pessoa, um sumário relato, mas percebo como exemplo de mulheres promotoras do
desenvolvimento integral do educando infanto-juvenil: Lóide e Eunice – avó e mãe de
Timóteo. E o que aqui podemos destacar?

Semelhante ao panorama da sociedade atual: são mulheres que marcam, influenciam
positivamente suas vidas, famílias, a vida de seus filhos, netos, comunidade e sociedade,
mulheres que se destacam por seu exemplo de fé, vida digna, cidadania, honradez, caráter,
vida social referenciada. E sobre o poder, a força dessas mulheres (Lóide – avó e Eunice –
mãe)? Elas foram referências nas credenciais de Timóteo para Paulo. Uau! Ilustres,
Extraordinárias Mulheres! Conforme citações em: 2º Timóteo 1.1-7, 1º Timóteo 1.18-19; Atos
16.1-3. 1º Co.4.17

E nós; mães biológicas, mães sociais, educadoras, pessoas direta ou indiretamente
participantes da rotina, do cuidado cotidiano, influentes no processo educativo de uma
criança, adolescente; que história de referência estamos construindo com nossos educandos?
Quais as marcas estão sendo registradas em suas memórias afetivas, sociais e espirituais?
E aprofundando nossa visão e análises, como estamos ajudando construir a árvore genealógica
da saúde integral da nossa família?

É essa árvore que irá alicerçar raízes, estruturar, ramificar, frutificar a genealogia social,
emocional e também espiritual na vida de filhos, netos e famílias sucessoras. Somos seres
tridimensionais, necessitamos crescer de forma integralmente saudável. E isto, requer um
desenvolver salutar das partes do indivíduo – corpo – alma – espiritual e social.
Árvore frondosa é o que normalmente desejamos, sonhamos, queremos em nossas vidas e
famílias. E o que, e como estamos plantando? Quais sementes estão sendo semeadas? Como
adubamos, regamos, cuidamos da plantinha chamada vida do educando, filho, neto, família?
Esse é tempo de despertar, mobilizar nossa maior atenção em ações preventivas e corretivas
junto as nossas crianças!

E ainda, ampliando nossos olhares ao cuidado integral para com os escolares: Nunca como
antes, na história dos PROCESSOS DE EDUCAÇÃO, precisamos estar cientes em nosso papel
como educadores, instrutores prioritários, tutores na educação básica dos filhos. Escola –
ensino, Família – alicerça e, solidifica a educação! A família e a escola devem ser
complementares, interatuantes, organismos parceiros, e não excludentes nos processos
contínuos de desenvolvimento de habilidades emocionais e sociais, ensino e aprendizagens.
Oportuno evidenciar: ao cuidado emocional à faixa etária infantil e juvenil, importa também
continuar a atenção aos aspectos relacionados ao desenvolvimento da espiritualidade.
Imprescindível que haja estratégias coerentes, assertivas e efetivas e, uma caminhada de mãos
dadas (família-igreja, família-escola). É vital, e prudente evitarmos, separar essas mãos
(família-igreja, família-escola). Por vezes, em cenários, onde estes organismos vitais ao
crescimento e desenvolvimento integral do indivíduo atuam em partes isoladas; o educando
(filho, aluno) sente-se solto, confuso, perdido, voando, tal qual uma folha solta. Contexto este
muitíssimo perigoso, onde todos podem sair perdendo, em especial, a criança e adolescente.
Especificamente nesse cuidado, é preciso muita atenção à nossa responsabilidade e
convocação à missão integral com os nossos filhos/as, educandos/as!

O privilégio da mulher ser mãe

Que privilégio, e responsabilidade, Deus confia a cada uma de nós. Assim, quando pensamos,
planejamos e gestamos um/a filho/a, temos o compromisso de buscar em Deus – o autor da
vida, a sabedoria, investir na busca de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades e
competências adequadas as necessidades especificas de cada faixa etária e demandas pessoais
e individuais, de forma que: possamos desempenhar com maestria a mais desafiadora,
brilhante e preciosa função feminina – o exercício da maternidade!
E na prática, como desenvolver e quais ações podem promover esse cuidado integral?
Continuaremos com esses desdobramentos em novas reflexões. Assim, até breve, desejando
que cada criança, cada adolescente, em seu ambiente familiar, aonde estiver, ou por onde
passar; desfrutem do CUIDADO que PROTEJE, PREVINE, PROMOVE SAÚDE INTEGRAL!

Joseana de Oliveira Menezes Galvão
Médica com Pós-graduação em Sexualidade Humana, Terapia Familiar, Problemas
Relacionados ao Uso Abusivo de Álcool e Outra Drogas Brasil.
Consultora do Programa Claves Brasil – Programa de Prevenção aos Maus tratos e Promoção
de Bons Tratos em Família – www.clavesbrasil.org
Membro do Conselho da Associação Lifewords Brasil – Projeto Calçada –
www.projetocalcada.org.br

Alienação parental diante da lei

Alienação parental diante da lei

A Lei nº 12.318/2010, em seu art. 2º estabelece o seguinte conceito: “Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou adolescente, promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a autoridade, guarda ou vigilância, para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este”, a partir desta análise há que ser entendida a alienação parental como um distúrbio psíquico grave que afeta o pai ou a mãe, vez que não aceitando o fim de um relacionamento (casamento ou união estável), é incapaz de dialogar de forma amadurecida, e utiliza os filhos como veículos de suas frustrações.
A psicanalista niteroiense Lenita Pacheco Lemos nos ensina que “…a prática da “alienação parental” pode ter origem em diversas causas, resultantes de distúrbios psíquicos, emocionais, relacionais, afetivos, entre outros, mas que não configuram uma doença propriamente dita, uma entidade nosológica que apresente características patológicas específicas.”

Vamos deixar claro que, a alienação parental não se verifica, tão somente, com a separação/divórcio dos genitores, podendo ocorrer, e também é muito comum, durante a constância do casamento/união estável, quando um dos genitores, seja por atitudes ou palavras, denigre, desqualifica, desautoriza o outro diante dos filhos, a ponto destes criarem uma falsa imagem do pai/mãe, como incapaz, inferior, desqualificado, alienado. São atitudes que se avolumam e acabam desaguando na separação/divórcio, e só aí tais atos se tornam do conhecimento geral, mas a
síndrome da alienação parental já está instalada.

Diversas condutas são tipificadas na lei de alienação parental, de forma
exemplificativa, conforme dispõe os incisos I a VII do parágrafo único do art. 2º, a
saber:

art. 2º….. Parágrafo único……
I – realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da
paternidade ou maternidade;
II – dificultar o exercício da autoridade parental;
III – dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;
IV – dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;
V – omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a
criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;
VI – apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós,
para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente;

VII – mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a
convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou
com avós.

Sem dúvida que, no exame de um caso concreto outras condutas podem ser entendidas como alienação parental, identificadas pelo magistrado com base em perícias interdisciplinares.
Com a Lei nº 13.058/2014, que regula o instituto da Guarda Compartilhada, passou a ser a regra, de forma que os pais, finda a conjugalidade, compartilhem de forma equânime, a convivência e todas as responsabilidades afetas à vida dos filhos menores, em igualdade de direitos e obrigações. Contudo, existem pais/mãe resistentes à sua aplicabilidade, se valendo de atitudes escusas, a fim de manipularem emocionalmente os filhos afastando-os do outro genitor não guardião, e de seus familiares, e, muitas das vezes, imputando condutas criminosas, como
agressões físicas/sexuais, com a finalidade de destruir, definitivamente, os vínculos parentais.

A incapacidade dos genitores de dialogarem a respeitos dos interesses dos filhos menores, dificulta o estabelecimento da guarda compartilhada, e abre as portas para a alienação parental, o que acarreta graves prejuízos psíquicos aos filhos.
É importante entendermos que a Síndrome de Alienação Parental (SAP) se instaura a partir do momento em que o menor passa a reproduzir as falas do alienador(a), atribuindo ao outro genitor (ou familiar deste) as supostas agressões físicas/sexuais.

O psiquiatra e pesquisador Richard A. Gardner foi o primeiro que conceituou a SAP e o fez da seguinte forma:

“A síndrome de alienação parental (SAP) é uma disfunção que surge primeiro no contexto das disputas de guarda. Sua primeira manifestação é a campanha que se faz para denegrir um dos pais, uma campanha sem nenhuma justificativa. É resultante da combinação de doutrinações programadas de um dos pais (lavagem cerebral) e as próprias contribuições da criança para a vilificação do pai alvo.”

Os malefícios da SAP afetam os menores em formação, trazendo sequelas desde a infância até a vida adulta, daí a necessidade de se reconhecer a prática da alienação parental, e estabelecer tratamento psicológico e psiquiátrico, para os infantes e também para os pais.

Como já dito a alienação parental impede uma convivência social e afetiva salutar da criança com o pai/a mãe e demais familiares, sendo equiparada pela lei ao abuso moral, desenvolvendo sentimentos negativos que lhes são passados pelo alienador(a), e o reflexo disto passa a ser observado desde a tenra idade pelo comportamento em casa e na escola, no convívio com os amigos, que vai da inibição demasiada, desatenção nas aulas, revolta, agressão, até a vida adulta, repetindo os mesmos erros do genitor alienador, se refugiando nas drogas,
cometendo ilícitos sociais, morais e criminais.

Em algumas vezes ao chegar na fase adulta, normalmente com o auxílio de terapeutas, psicólogos, passa a enxergar a verdadeira pessoa do pai/mãe alienado, e um sentimento misto de frustração e revolta tomam conta da pessoa, e às vezes ainda dá tempo de se reconciliar, mas em outras não mais.

A alienação parental dever ser analisada com muita cautela, pois estamos aqui falando do alienador, de quanto mal pode ser causado à criança, mas também ao alienado, porém, quando estivermos diante de caso que envolva agressão física/sexual é imprescindível a atuação de equipe interdisciplinar – assistentes sociais, psicólogos, psiquiatras, para apuração da realidade, pois as consequências são catastróficas para o menor, mas também para aquele a quem forem, falsamente, imputadas tais condutas. A sociedade não perdoa, ela julga e condena sem que os
fatos sejam devidamente apurados. O sensacionalismo fala mais alto e o prejuízo é irreversível.

O magistrado ao aplicar as sansões determinadas na lei penalizando o abuso de poder do guardião alienador, deve fazê-lo com critério, considerando que o caráter é mais pedagógico do que punitivo, mas é fundamental assegurar a convivência parental e restabelecer os laços afetivos da criança com o outro genitor e/ou seus familiares. O direito de convivência é da criança e também dos pais, e é garantia constitucional.

Existem Projetos de Leis do Senado para regular, normatizar e criminalizar e dar novos caminhos à alienação parental, tema complexo e polêmico, exigindo mais estudos e debates.

Bárbara Alcântara Augusto Pereira, advogada, professora universitária Ucam,
membro do IBDFAM – Instituto Brasileiro de Direito de Família
Instagram: @ucam.oficial

Alienação parental: os perigos emocionais para crianças e adolescentes

Alienação parental: os perigos emocionais para crianças e adolescentes

Para entender melhor os perigos emocionais da alienação parental é necessário compreendermos como se dá o desenvolvimento humano. Vygotsky (1930/1996) ressalta que através da aprendizagem e das interações dos agentes mediadores de cultura, (pais, professores, etc.) o sujeito que está em processo de aprendizagem se desenvolve pessoalmente.

Desenvolvimento cultural

desenvolvimento cultural da criança é caracterizada pela lei da dupla formação dos processos psicológicos superiores (desenvolvimento da linguagem, atenção, memoria, raciocínio, formação de conceitos…), tanto a nível interpsicológico quanto a nível intrapsicológico. Essa internalização é feita através das construções sócias e sua reconstrução individual, a interação da criança com os adultos e agentes mediadores concretiza a internalização (VYGOTSKY, 1930/1996).

Também, considerado o ambiente, mais crendo nas emoções e pensamentos, o cognitivismo considera que a noção de esquemas cognitivos é central para a terapia e a teoria cognitivas (Lopes, E., Lopes, R. & Lobato, 2006). A teoria considera que a personalidade é criada por valores centrais que se desenvolvem bem cedo na vida do
indivíduo como resultado da relação de determinismo recíproco entre ambiente, as características e o comportamento do indivíduo (Bandura, 1979).

A história de vida do indivíduo e suas características individuais criam os chamados esquemas cognitivos ainda bem cedo na vida, a relação com o ambiente através dos estímulos externos e internos são responsáveis pela criação das crenças que estabeleceram os valores individuais de cada um. Esse conjunto de fatores serão responsáveis pelo comportamento e emoções dos indivíduos ao longo da sua vida (Beck& Freeman, 1993).

Como podemos comprovar, mediante as afirmações dos teóricos aqui citados, o desenvolvimento do ser humano se dá através da sua interação com o meio ao seu redor, desenvolvendo sua subjetividade através das relações no meio em que vive. Esse desenvolvimento tem seu início já nos primeiros dias de vida quando o recém-nascido já começa sua interação com o mundo externo na relação com os pais, o amamentar, o carinho demonstrado através de beijos e abraços, as falas dos pais na manifestação de amor e cuidado.

Ao longo de seu crescimento essa criança irá se desenvolver dentro de um contexto social em que as figuras dos pais serão um referencial para sua vida até a fase adulta. Ainda na primeira infância, segunda a psicologia cognitiva comportamental, a criança irá desenvolver suas primeiras crenças nucleares que serão responsáveis por todo um esquema cognitivo que determinará seus comportamentos, emoções e reações fisiológicas ao logo de toda sua vida.
Portanto a figura dos pais é responsável pelo desenvolvimento da saúde mental de seus filhos. Quando essa figura, que deveria ser de cuidado e proteção, é denegrida os riscos de crianças e adolescentes desenvolverem crenças desequilibradas é alto.

Alienação parental

Quando um dos pais influencia o filho, criança ou adolescente, a repudiar o outro genitor, caracterizando assim a alienação parental, ele está desfazendo a figura referencial que essa criança ou adolescente tem, a figura do pai ou da mãe são referências para seu desenvolvimento, esse desenvolvimento pode ser saudável ou não dependendo de como será o ambiente.

É muito importante que as pessoas ao redor de crianças e adolescentes que estão passando por uma situação em que seja constatada a prática da alienação parental não fiquem de braços cruzados, é necessário que providencias sejam tomadas no intuito de preservar o desenvolvimento cognitivo e emocional dessa criança e adolescente, zelando assim por sua saúde mental.

Portanto sabedores da importância das figuras do pai e da mãe como referências do desenvolvimento de crianças e adolescentes, é de suma importância a preservação da imagem de cada um deles como símbolos de amor, proteção e valor. A alienação parental destrói esses valores sendo responsável pela criação de crenças desequilibradas geradoras de pensamentos mau adaptativos e consequentemente o aparecimento de transtornos psicológicos.

Glauber Mascarenhas psicólogo CRP 124752/06

Deus está de brincadeira?

Deus está de brincadeira?

O brincar como estratégia divina para o desenvolvimento das habilidades socioemocionais

Por que será que toda criança ama brincar? Seja sozinha ou acompanhada, com brinquedos ou no imaginário, toda criança aprecia os momentos que passa brincando. Essa atividade muito prazerosa também representa uma das principais formas de expressão na infância, revelando as emoções e o produto da imaginação.

(mais…)

CONSTRUINDO RESILIÊNCIAS – Um olhar nas Olimpíadas e Paraolimpíadas Tóquio 2020

CONSTRUINDO RESILIÊNCIAS – Um olhar nas Olimpíadas e Paraolimpíadas Tóquio 2020

Construindo Resiliências? Isso mesmo! 

Estudos e evidências científicas em temas nas áreas da saúde e ciências sociais destacam cada vez mais a relevância dessa capacidade humana de resistir, superar; ir além de, e apesar de. Para tanto, é evidenciada a partir de suas características: dinâmica, renovável e adaptativa, em uma interativa construção biopsicossocial humana.

E o que promove mecanismos humanos à resiliência?

Vários aspectos (intrapessoal, interpessoal, familiares, sociais, culturais, espiritual, artístico) estão implicados. Esse conjunto de fatores podem contribuir com os processos de construção de resiliência. Assim, é importante ter em consideração, que: a resiliência não é um fim em si mesma, ela é potencialidades dinâmica e adaptativa.

Dinâmica também dentro da análise de constituintes individuais, e, nas etapas do ciclo vital de cada pessoa (criança, adolescente, adulto, idoso). Ressalto que: é necessário ao abordarmos referências à criança e ao adolescente, atentar à sua singularidade enquanto pessoa em desenvolvimento, e sujeito de direitos legalmente compreendido e protegido a partir do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). 

Portanto, particularidades normais, identificadas à cada pessoa e às fases do seu ciclo vital, necessitam de atenção e suporte correspondentes. Isso também compõe o pensar e agir orientado em promover resiliência. De forma que, pessoas com debilidades humanas, mas também com seus recursos internos e, interligadas com outras pessoas do seu entorno (familiares, amigos, educadores, …), em conexões colaborativas, seguem construindo a vida e concretizando sonhos. A resiliência destrói o determinismo do mal, a visão linear causa-efeito.

Diante do panorama atual na saúde mental, e sobretudo às vivências existenciais, impactos também relacionados a Pandemia Covid-19, avalio promissora essa reflexão. Contudo, considerando essa capacidade humana essencialmente realista e esperançadora – resiliência; aqui proponho apenas uma pontual e breve reflexão, especificamente focada na rede humana de laços afetivos e os processos de resiliência. Aceitação, afeto, apego, empatia, respeito, confiança, autoestima, ética, sentido da vida, competências sociais e profissionais, o humor, as artes em suas diversas expressões; todos esses e outros mais, são elementos constituintes nos processos vinculares de resiliência.

Enfim, sumariamente refletir alguns pontos de destaques, baseados em um olhar conectado em histórias de atletas nas Olimpíadas e Paraolimpíadas Tóquio 2020. 

A Pandemia Covid-19 impediu que as Olimpíadas e Paraolimpíadas Tóquio 2020 fossem realizadas no ano de 2020. No entanto, respectivamente nos períodos de 23 de julho à 08 de agosto e 24 de agosto à 05 de setembro de 2021, ainda em meio a pandemia; e com todas as dificuldades, limitações e protocolos impostos, pudemos assistir extraordinárias referências de inclusão humana e social; celebrações; conquistas de atletas ali representando diversos povos, etnias e países. Cenário de busca de diversidades nas desigualdades.

Vimos e ouvimos partes de muitas histórias interação, compromisso, dedicação, empatia, persistência, resistência – resiliência. Histórias de atletas que puderam participar dessa extraordinária edição dos jogos olímpicos e paraolímpicos. Espetacular! Ali, estiveram atletas brasileiros e vários daqueles, foram ao pódio, e então, retornaram de suas competições coroados com suas respectivas medalhas. Bravo Brasil! Oportuno destacar, o individual e coletivo contentamento; expresso não somente pelas medalhas, mas também pelo participar – participar do jogo, da competição, do brincar com propósito. Relevante o valor do protagonismo e a participação consciente do atleta (criança, adolescente, adulto). Portanto, caminhada numa trilha, estrada alicerçada e construída em laços de inclusão, colaborativos e instrutivos à concretização de sonhos! O Olhar mobilizador e focado no total da potencialidade humana. Olhar que nos transpõe, e colaborativamente nos faz ir além da limitação de uma especificidade – Resiliência.

“Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis”. I Coríntios 9.24

Baseados nesses imprescindíveis destaques e nas evidências de estudos, sobre a importância dos laços afetivos humanos na construção da resiliência, abaixo cito alguns destaques de reportagens; falas de alguns/as atletas, em especial, da delegação olímpica do Brasil. Leiamos atentamente:

“… queria que minha avó estivesse aqui, viva, para ver que eu consegui …” 

“… minha mãe sempre me ajudou no meu sonho. Ela acreditava, acreditou em mim …”

“… obrigada pai, apoio e muitos treinos juntos. A medalha é sua também! …”

“… obrigado pai, você me ajudou chegar aqui! …”

“… essa medalha, é de muitos: pai, mãe, família, educadores, treinadores, …”

“… no isopor da tampa da caixa de gelo dos pescados do pai: vi prancha, já tinha a prancha …”

“… nos pedaços de ‘madeira que não servia’ jogada; vi a madeira do barco, feito o barco …”

“… depois da minha família; agora é ela que sempre me incentiva, é esposa e treinadora …”

“… sempre me incentivando, vai conseguir, estamos juntos, vamos…”

“…e em que posso ajudar? Continue, vamos, é seu sonho…”

“…passou por cirurgia, se recuperando, vai voltar a treinar, vai chegar lá…”

“…essa limitação física é só um aspecto. …você tem sonho, vamos juntos com o todo que você tem…”

Essas e muitas outras falas, expressam histórias reais de dificuldades, limitações, vulnerabilidades, tempos de sofrimentos; mas, e sobretudo, também histórias de superação, momentos de reconhecimento e gratidão às pessoas que contribuíram com os processos de conquista àquelas medalhas. Exuberante! Esperançador!

Então, quais e como as pessoas podem ajudar outras a construírem-se?

Estudiosos da Resiliência aplicada ao campo de pesquisas sociais e da saúde reconhecem a existência de realidades desafiadoras à vida, e de sofrimentos humanos. Contudo, não simplesmente à uma análise linear, reducionista, determinista, mas um olhar crítico de realismo positivo, numa busca de sentido e construção da vida. Descobertas e redescobertas de uma esperança realista -resiliência. 

Interessantes estudos mostram que: “se deixarmos sozinhos uma criança, ou um adolescente ferido, em sofrimento, existem fortes probabilidades de direcionamento para repetição de resolução anti-resiliente”. No entanto, podemos ter a oportunidade de nos conectarmos, de nos vinculamos, e possibilitar uma virada resiliente – que extraordinário! E ainda: “a criança emocionalmente ferida, que naturalmente, espontaneamente, apresenta aparente melhora, pode na verdade, ter vivenciado encontro construtivo, ou seja, conexões com pessoas afetivamente significantes, podem efetivamente ter conduzido e acionado recursos internos promotores de resiliência àquela criança.

E uma vez resiliência, resiliente para sempre? A resiliência é fixa?

Na condição humana não há garantia de efeitos lineares causais, nem tão pouco definitivos. Como referido em outros parágrafos, no conceito da resiliência há um dinamismo, uma correspondência multifatorial, em contexto particular e ciclo vital de cada pessoa. A exemplo das defesas imunológicas vacinais, em algumas imunizações ocorre temporalidade vacinal na efetividade, limite de validade da ação protetora, o que implica em necessidade de renovação à aquisição da proteção específica. Semelhança aplicável ao mecanismo e capacidade resiliente pessoal, familiar, comunitária.

Diante desse breve olhar reflexivo prático-conceitual e, associando às ações protetivas e de cuidado à infância e adolescência, encontramos inúmeros incentivos às estratégias de promoção à resiliência infanto-juvenil. Para tanto, pais, familiares, educadores, agentes sociais, profissionais da saúde e educação, todos somos convidados e convocados a participar desse paradigma, numa perspectiva do realismo positivo da resiliência. Eis a convocação: promover o desenvolvimento de recursos favoráveis e fortalecedores em habilidades e competências resilientes junto às crianças e adolescentes que estiverem ao nosso alcance. 

Acredite: desafio gratificante!

Texto escrito por: Joseana de Oliveira Menezes Galvão. – Médica com Pós-graduação em Sexualidade Humana, Terapia Familiar, Problemas Relacionados ao Uso Abusivo de Álcool e Outra Drogas Brasil. 

Consultora do Programa Claves Brasil – Programa de Prevenção aos Maus tratos e Promoção de Bons Tratos em Família – www.clavesbrasil.org

Membro do Conselho da Associação Lifewords Brasil – Projeto Calçada – www.projetocalcada.org

Rio de Janeiro, 31 de agosto de 2021

Joseana de Oliveira Menezes Galvão