Aprendendo a escutar a criança

Aprendendo a escutar a criança

Por Luciana Falcão da Silva

Durante a Segunda Consulta Teológica com o tema: Criança, a Igreja e a Missão realizada em Brasília, pastores e lideranças de organizações evangélicas que trabalham com crianças e adolescentes reconheceram que precisamos como igrejas e projetos sociais aprender a escutar a criança.  Prova disso é que a grande maioria de nossas atividades estão destinadas a atividades em grupo e raros são aqueles que desenvolvem ações de enfoque individual.

Quando a criança for de fato relevante em nossa teologia e missão ela se tornará mais importante que as tarefas que realizamos para elas, por elas e com elas; será tão importante quanto cada adulto e merecerá ser ouvida de modo individualizado e respeitoso. Não será apenas mais uma no grupo, mas um indivíduo com quem se precisa dialogar e investir tempo de qualidade.

E por onde começar?

O primeiro passo já foi dado, reconhecendo que precisamos aprender a escutar a criança em meio as suas peculiaridades e dores. Mediante a prática que temos com o Projeto Calçada sugerimos algumas atitudes:

Separe semanalmente um tempo de qualidade para conversar individualmente com uma criança ou adolescente. Não espere ter tempo livre para isso. Sempre haverá muito o que fazer!
Mantenha uma atitude cordial, é mais fácil para qualquer um de nós conversar com alguém que mantém um sorriso nos lábios e um olhar amoroso; e para criança vale também a mesma regra.
Procure ficar no mesmo nível que a criança, isso lhe trará mais conforto. Mas evite ficar atrás da mesa, geralmente essa atitude impõe mais distância que aproximação.
Seja paciente! Lembre-se: as atitudes corporais e expressões faciais também falam. Ao fazer uma pergunte aguarde a resposta. Nossa ansiedade muitas vezes interrompe o seu pensamento. É muito comum   lhe darmos respostas prontas, como exemplo: “Então foi medo que você sentiu?”


Luciana Falcão da Silva, coordenadora do Projeto Calçada no Brasil

Ajude a criança a saltar para Jesus

Ajude a criança a saltar para Jesus

Por Clenir Xavier

“Jesus parou e disse: “Chamem-no”. E chamaram o cego: “Ânimo! Levante-se! Ele o está chamando.” Lançando sua capa para o lado, de um salto, pôs-se de pé e dirigiu-se a Jesus. “Vá”, disse Jesus, “a sua fé o curou”. Imediatamente ele recuperou a visão e seguia a Jesus pelo caminho. Mc. 10: 49, 50 e 52

Outro dia eu visitava o projeto Casa Semente, em Jardim Gramacho, RJ, um dos parceiros da Lifewords, quando a coordenadora e educadora Adriane Maia me apresentou as crianças que haviam sido aconselhadas com a Bolsa Verde do Projeto Calçada. Todas posaram alegremente para uma foto. Uma menina em especial chamou minha atenção, quando quis uma foto só dela, com a tia e a bolsa, porque era a que tinha tido mais encontros do que qualquer outra, e se sentia a “campeã”. O fato de ela ter tido mais de um aconselhamento foi porque precisava e tinha maior dificuldade, no entanto, para essa garotinha as conversas lúdicas e particulares que teve com a tia, a fizeram se sentir muito especial e realmente mudou sua vida.

Vemos na Bíblia que Deus sempre aparecia àqueles que intencionava ensinar, pessoalmente, ou através de Jesus ou anjos. E depois desse encontro, a vida daquela pessoa era transformada. Foi assim com a jovem Maria, o jovem Samuel, Abraão, Jacó, Daniel, Moisés, o cego Bartimeu, a mulher samaritana…, comigo e com você.

Em várias passagens Jesus ensina que vale a pena parar e dar atenção individualizada à pessoa que sofre. O contato pessoal, especialmente com a criança, faz com que ela se sinta aceita, respeitada na sua singularidade, e importante para aquele que a ouve. O cuidado particular estimula e constrói um contexto favorável para o desenvolvimento da criança.

No entanto, os projetos e organizações que trabalham com as crianças enfrentam o grande dilema da falta de tempo e de pessoal, e de terem que apresentar relatórios robustos, que representem o esforço grandioso de suas ações. Já as atividades grupais produzem mais simpatia e apreciação.

O atendimento individualizado realmente não gera grandes números, porém gera grandes e incomparáveis mudanças. As crianças deixam as dores do passado, assim como o Bartimeu que largou a sua capa; elas dão um salto na vida e se põem de pé na direção de Jesus. Não é isso o que queremos para as nossas crianças?

Para pensar:

Se você fizesse a grande descoberta de como tocar profundamente o coração de uma criança, o que faria com esse achado?

As experiências mais marcantes de sua vida com Deus foram quando Ele falou com você em grupo ou pessoalmente?

O que o seu projeto ou organização precisa fazer para implementar a atenção individualizada às crianças?