A BOLSA QUE TRANSFORMA
“A minha vida era sem rumo antes da experiência com a Bolsa Verde! Eu não sabia o que era viver em paz. Eu passava por dificuldades e problemas, nos quais eu colocava a minha vida em risco ou morte.”
“A minha vida era sem rumo antes da experiência com a Bolsa Verde! Eu não sabia o que era viver em paz. Eu passava por dificuldades e problemas, nos quais eu colocava a minha vida em risco ou morte.”
Quando uma criança nasce, sua identidade começa a se formar a partir de suas experiências com seu cuidador, e as pessoas à sua volta, através de seus olhares, o tom de sua voz, a força do toque, a expressão do rosto, o movimento do colo, a chegada do alimento…
As impressões e sensações se repetem e ao passo que o bebê cresce, elas vão se confirmando. A criança começa a interpretar suas emoções e a partir delas começa a tirar conclusão a respeito de si mesma.
Uma criança que não tem a felicidade de perceber no outro o acolhimento e sorrisos de aprovação, deduz que o que está sendo dito a ela, através de palavras, gestos, atitudes e olhares, é que ela não vale grande coisa. A criança apreende que não é amada e sua sobrevivência não está garantida, ou seja, está ameaçada. O resultado é o retrato de uma criança insegura, frágil e vulnerável.
Essa é a realidade de milhares de crianças que nascem num lar que não está preparado ou sadio para recebê-las. Algumas se defendem se tornando aparentemente fortes e agressivas, prontas para enfrentarem qualquer perigo. Outras se retraem e vivem amedrontadas. Qualquer uma das reações de defesa das crianças leva a um maior descontentamento dos que as rodeiam, que as desprezam ainda mais ou as agridem.
Cada vez que perguntamos a uma criança que vive numa situação desfavorável, qual foi a pior situação que já enfrentou, a resposta é sempre uma das seguintes:
Essas situações traumáticas se apresentam para a criança como uma apunhalada, uma agressão que gera confusão, dor e sofrimento.
Nem todas as crianças que enfrentam tragédias como essas, tem dificuldade para superá-las, mas a criança que já vive um ambiente de desamor usa o trauma para confirmar e sedimentar o que já sabia – não tem valor; não deveria ter nascido; sempre faz a coisa errada; ninguém jamais a amará; não tem futuro; está sozinha; etc.
As crianças que vivem em vulnerabilidade social são alvo fácil desse mecanismo. Elas ficam imobilizadas diante dessa crença e agem de acordo com essa identidade.
Desde o início dos tempos satanás usou a estratégia da mentira para acabar com o homem. Ele é muito experiente em aprisionar o ser humano e continua usando seus velhos truques. Jesus nos disse que quando o diabo “…mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira.” (João 8:44).
Não devemos nos surpreender então, que quando uma criança é acometida por injustiças, o pai da mentira sussurre em seu ouvido que ela não presta, ou a leve a questionar a bondade de Deus. Assim como Adão e Eva o fizeram, as crianças que já são vulneráveis acreditam facilmente nas mentiras de satanás, comprometendo assim a sua liberdade e infância.
Contar a verdade para essas crianças. Ajudá-las a se libertarem dessa prisão esmagadora que as impede de crescer de forma saudável. Jesus quer usar seu exército para desfazer a bagunça do inimigo. Jesus quer usar nossas bocas, gestos e atitudes para levar as crianças a conhecerem a verdade, pois “… conhecerão a verdade, e a verdade os libertará” (João 8:32).
A verdade de Cristo é o antídoto do veneno da mentira. A criança que aprende e aceita que na verdade ela é amada e especial para Jesus; que Ele quer cuidar dela e lhe fazer companhia para sempre; que Ele nunca a abandonará e sempre a protegerá, independente do que possa ter acontecido, ela é resgatada da perdição e acolhida pelos braços de Jesus que lhe abre os olhos para enxergar sua verdadeira autoimagem, imagem e semelhança do próprio Cristo.
A criança que se vê como um ser amado e que encontra em Jesus o amparo que talvez nunca antes sentisse, muda! Seu sentimento modifica; sua atitude transforma; seu comportamento altera, porque agora se relaciona com seu mundo a partir de uma nova identidade:
Este é o plano de Deus para cada uma de nossas crianças, adolescentes e jovens. Ele quer ver suas promessas se cumprirem nas suas vidas. É através de você e de mim que Ele planeja chegar até elas. Mesmo com o coração quebrado elas se abrirão e ouvirão a voz de Cristo através de nós. Vamos nos dispor a ir até elas, uma a uma, lhes contando a verdade que liberta!
Se você não tem como falar diretamente com a criança, apoie quem pode! Incentive para que a Palavra que produz Vida chegue até cada criança vulnerável. Doe Agora!
Clenir Santos, Diretora Internacional do Projeto Calçada
Durante oito horas dinâmicas e interativas, 17 participantes, da segunda capacitação do Programa Escolha a Vida, conheceram a metodologia de ajuda às crianças de 9 a 14 anos em tomadas de decisões morais da vida. A partir de dramatizações, música, poesia, jogos, entre outros, as crianças e adolescentes, (mais…)
“SURPREENDENTE.” – foi a expressão descrita por Bárbara Serra, do Projeto Novos Sonhos, que participou da primeira capacitação do Programa Escolha Vida, (mais…)
Por Clenir Xavier
“Esperei confiantemente pelo Senhor; ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro.” Sl 40:1
Um dia desses, como geralmente faço, estava conversando com as pessoas ao final do culto de domingo, aquele momento gostoso e descontraído, enquanto as crianças corriam pelos corredores, passando pelas pessoas e tornando o ambiente ainda mais familiar e alegre.
Notei uma garotinha de oito anos, um pouco mais quietinha do que o seu normal. Fiquei intrigada e me aproximei dela. Sentei ao seu lado e perguntei se estava bem, pois notara que não estava brincando com as outras crianças. A Tânia* me disse que se aproximava o dia dos pais e que não queria ensaiar no coral infantil nem cantar naquele dia, pois não conhecia seu pai. Sempre comemorava com seu avô, mas estava cansada de ser diferente dos outros. “Por que eu não posso ter um pai e ser feliz?”, perguntou a Tânia.
Quem poderia imaginar que a Tânia estivesse passando por uma crise tão profunda. Quantas crianças e adolescentes carregam em silêncio dores intensas. Na maioria das vezes quando estão em grupo, sorriem, correm, fazem graça, falam alto, mas só quando encontram alguém que realmente está disposto a ouvir, conseguem revelar o que se passa no seu íntimo.
Tive a oportunidade de conversar com a Tânia sobre o fato de que não conhecia seu pai, mas que Deus é um pai que nunca a abandonará, que sempre cuidará e que poderá fazê-la sempre feliz. E uma das formas do carinho de Deus foi dar a ela um avô tão carinhoso que a ama dobrado, como neta e como filha. A Tânia saiu dali convencida que é diferente sim, mas muito especial também.
Palavras tão simples que fizeram a diferença na vida da Tânia. Quantas vezes estamos tão satisfeitos com nossos amigos ou preocupados com nossos próprios interesses, que nos esquecemos das crianças que estão à nossa volta. Não precisamos ter curso de aconselhamento para ouvirmos o que a criança fala, e tampouco para compartilharmos o que Deus já tem feito na nossa vida. Muitas vezes não precisamos nem sair de casa para dar atenção a uma criança, e ao que ela sente e precisa falar. Mateus 18:10a nos alerta: “Cuidado para não desprezarem um só destes pequeninos!”
Precisamos ficar antenados, prestando atenção nas crianças e adolescentes, e nos colocando à disposição para ajudá-los a caminhar e enfrentar seus conflitos. Quem sabe assim, praticando aquilo que Deus faz conosco, conseguimos diminuir a taxa de depressão e suicídio entre crianças e pré-adolescentes com idade entre 10 e 14 anos que cresceu 40% de 2002 a 2012. Na faixa etária de 15 a 19 anos, o aumento foi de 33,5% (Mapa da Violência do Ministério da Saúde). Simplesmente abrindo os nossos olhos para eles, nos inclinando e os ouvindo.
*Nome modificado para proteger a identidade da criança.
Clenir Xavier é Diretora Internacional do Projeto Calçada – Lifewords, Psicóloga, Assistente Social e Conselheira do CONANDA.
Por Cleisse Andrade
“Tomando as crianças nos braços, impunha as mãos sobre elas e as abençoava.” Marcos 10:16
Ter as crianças por perto e abençoá-las, foi o exemplo que Jesus nos deixou, relatados mais de uma vez nos evangelhos. Pensar que a criança é um ser humano completo, criado por Deus para ser amado e cuidado, nos responsabiliza. A criança tem necessidades físicas, que são as que mais urgentemente buscamos suprir. Mas ela tem também necessidades emocionais; precisa se sentir amada, aceita, respeitada, incluída, etc. Apresentá-la quando nasce não é suficiente. A criança deve ser visitada quando está doente, deve ser consolada quando enfrenta o luto, deve ser compreendida diante de um fracasso escolar, deve ser encorajada diante de uma vitória, e não são tarefas somente da família, ela também pertence à igreja.
Ouvir a criança a ensina que o que ela pensa é importante e tem valor. Quando o ouvinte demonstra interesse genuíno, ela abre o coração e compartilha seus sentimentos e opiniões. Até mesmo situações ocultas vem à tona diante de um ouvido atento e interessado. Ouvi-la também para conhecer suas necessidades e atendê-las, sejam quais forem. Porque não ouvi-la também para envolvê-la na escolha das atividades do ministério infantil? Ela Pode escolher os brinquedos, opinar sobre cores na pintura das salas, expressar seus sentimentos quanto à equipe, etc.
O dicionário Aurélio diz que pastorear significa: guiar, dirigir, orientar. Em geral os adultos são cuidados por seus pastores, mas, e as crianças? Já viu uma criança ser convidada para ir ao gabinete pastoral? Muitos cristãos adultos compartilham seus traumas por terem sido abusados na infância. Se tivessem sido ouvidos, aconselhados, defendidos quando criança, muita dor teria sido evitada e cresceriam saudavelmente. Cuide da criança na sua individualidade para que ela cresça como Jesus, “com saúde e sabedoria, abençoado por Deus e pelos homens.” Lc 2:52
Por Luciana Falcão da Silva
Durante a Segunda Consulta Teológica com o tema: Criança, a Igreja e a Missão realizada em Brasília, pastores e lideranças de organizações evangélicas que trabalham com crianças e adolescentes reconheceram que precisamos como igrejas e projetos sociais aprender a escutar a criança. Prova disso é que a grande maioria de nossas atividades estão destinadas a atividades em grupo e raros são aqueles que desenvolvem ações de enfoque individual.
Quando a criança for de fato relevante em nossa teologia e missão ela se tornará mais importante que as tarefas que realizamos para elas, por elas e com elas; será tão importante quanto cada adulto e merecerá ser ouvida de modo individualizado e respeitoso. Não será apenas mais uma no grupo, mas um indivíduo com quem se precisa dialogar e investir tempo de qualidade.
E por onde começar?
O primeiro passo já foi dado, reconhecendo que precisamos aprender a escutar a criança em meio as suas peculiaridades e dores. Mediante a prática que temos com o Projeto Calçada sugerimos algumas atitudes:
Separe semanalmente um tempo de qualidade para conversar individualmente com uma criança ou adolescente. Não espere ter tempo livre para isso. Sempre haverá muito o que fazer!
Mantenha uma atitude cordial, é mais fácil para qualquer um de nós conversar com alguém que mantém um sorriso nos lábios e um olhar amoroso; e para criança vale também a mesma regra.
Procure ficar no mesmo nível que a criança, isso lhe trará mais conforto. Mas evite ficar atrás da mesa, geralmente essa atitude impõe mais distância que aproximação.
Seja paciente! Lembre-se: as atitudes corporais e expressões faciais também falam. Ao fazer uma pergunte aguarde a resposta. Nossa ansiedade muitas vezes interrompe o seu pensamento. É muito comum lhe darmos respostas prontas, como exemplo: “Então foi medo que você sentiu?”
Luciana Falcão da Silva, coordenadora do Projeto Calçada no Brasil
Por Clenir Xavier
“Jesus parou e disse: “Chamem-no”. E chamaram o cego: “Ânimo! Levante-se! Ele o está chamando.” Lançando sua capa para o lado, de um salto, pôs-se de pé e dirigiu-se a Jesus. “Vá”, disse Jesus, “a sua fé o curou”. Imediatamente ele recuperou a visão e seguia a Jesus pelo caminho. Mc. 10: 49, 50 e 52
Outro dia eu visitava o projeto Casa Semente, em Jardim Gramacho, RJ, um dos parceiros da Lifewords, quando a coordenadora e educadora Adriane Maia me apresentou as crianças que haviam sido aconselhadas com a Bolsa Verde do Projeto Calçada. Todas posaram alegremente para uma foto. Uma menina em especial chamou minha atenção, quando quis uma foto só dela, com a tia e a bolsa, porque era a que tinha tido mais encontros do que qualquer outra, e se sentia a “campeã”. O fato de ela ter tido mais de um aconselhamento foi porque precisava e tinha maior dificuldade, no entanto, para essa garotinha as conversas lúdicas e particulares que teve com a tia, a fizeram se sentir muito especial e realmente mudou sua vida.
Vemos na Bíblia que Deus sempre aparecia àqueles que intencionava ensinar, pessoalmente, ou através de Jesus ou anjos. E depois desse encontro, a vida daquela pessoa era transformada. Foi assim com a jovem Maria, o jovem Samuel, Abraão, Jacó, Daniel, Moisés, o cego Bartimeu, a mulher samaritana…, comigo e com você.
Em várias passagens Jesus ensina que vale a pena parar e dar atenção individualizada à pessoa que sofre. O contato pessoal, especialmente com a criança, faz com que ela se sinta aceita, respeitada na sua singularidade, e importante para aquele que a ouve. O cuidado particular estimula e constrói um contexto favorável para o desenvolvimento da criança.
No entanto, os projetos e organizações que trabalham com as crianças enfrentam o grande dilema da falta de tempo e de pessoal, e de terem que apresentar relatórios robustos, que representem o esforço grandioso de suas ações. Já as atividades grupais produzem mais simpatia e apreciação.
O atendimento individualizado realmente não gera grandes números, porém gera grandes e incomparáveis mudanças. As crianças deixam as dores do passado, assim como o Bartimeu que largou a sua capa; elas dão um salto na vida e se põem de pé na direção de Jesus. Não é isso o que queremos para as nossas crianças?
Para pensar:
Se você fizesse a grande descoberta de como tocar profundamente o coração de uma criança, o que faria com esse achado?
As experiências mais marcantes de sua vida com Deus foram quando Ele falou com você em grupo ou pessoalmente?
O que o seu projeto ou organização precisa fazer para implementar a atenção individualizada às crianças?