Presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações fala sobre maior presente que a família pode dar para suas crianças, a vacinação

Presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações fala sobre maior presente que a família pode dar para suas crianças, a vacinação

A criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),em 13 de julho de 1990, estabelece que meninas e meninos de 0 a 18 anos devem ter seus direitos à vida, saúde, alimentação, educação, dignidade, respeito e assistência, entre outros, garantidos por toda a sociedade. Entre esse conjunto de direitos e normas está também a garantia do acesso à vacina. As vacinas são um marco na história da saúde humana e, segundo dados da Organização Mundial de Saúde, salvam a vida de 3 milhões de pessoas a cada ano. Para reforçar a importância das vacinas, o Brasil comemora, em 17 de outubro, o Dia Nacional da Vacinação, uma data para promover a importância da imunização no controle de epidemias. É sobre esse tema que eu conversei com a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Dra. Mônica Levi.  

Projeto Calçada: Poderia nos contar um pouco sobre a Sociedade Brasileira de Imunizações e seu papel na promoção da vacinação no Brasil?

Dra. Mônica Levi: A SBIm foi criada 26 anos atrás por um grupo de médicos que se dedicavam às imunizações. Ela foi num crescente. É uma sociedade que cada vez mais está envolvida, tanto com as melhores práticas de imunização, considerando calendários privados e discussões técnicas para isso, com a Câmara Técnica da SBIm, quanto à participação com um monte de instituições públicas, desde ONGs, que nós participamos aí com ONGs ligadas às imunizações, à prevenção de câncer, apoio à prematuridade, à obesidade, enfim, saúde das mulheres. São várias instituições sem fins lucrativos, das quais a gente participa, assim como na Câmara Técnica do CETAI, que é a Comissão Técnica, Assessora e Imunizações do Ministério da Saúde. Membros da SBIm participam nisso e outras associações. Nós temos um acordo formal fechado com a OPAS, a Organização Pan-Americana de Saúde, com o Unicef. Enfim, a SBIm atua em prol das imunizações sob diversas frentes, pensando na saúde individual e na saúde coletiva. Então, nós temos uma grande gama de atuações dentro de sites, congressos, jornadas, aulas e entrevistas. São as diversas formas de comunicação onde passamos os recados e as discussões. Enfim, tudo em prol, e com o objetivo da melhor maneira possível da evolução das imunizações no país. 

O que representa o Dia Nacional de Vacinação para a SBIm e para a sociedade em geral?

O Dia Nacional de Vacinação é um dia especial, porque é um dia onde há uma reflexão, uma mobilização maior em relação às vacinas. Então, se concentra esforços para você divulgar informações e conquistar adesão da população sobre a importância da imunização, seja para o indivíduo, seja para a sociedade, seja para a imunidade coletiva, imunidade de rebanho. Então, participam diversos atores desse Dia Nacional das Imunizações, seja o Ministério da Saúde, as secretarias estaduais, municipais e a sociedade civil. Espera-se, com esse Dia Nacional da Vacinação, que você incremente as coberturas vacinais no país.

Quais vacinas são recomendadas para crianças e adolescentes no Brasil?

Existem 18 vacinas hoje, que são disponibilizadas e recomendadas no calendário infantil, que é do zero aos nove anos de idade. São acomodadas dentro de prazos, onde deve ser feita cada vacina, cada esquema vacinal e cada dose de reforço. Mas, basicamente, nós fazemos a vacinação contra a tuberculose, que é o BCG ao nascimento, junto com a primeira dose de hepatite B. Depois tem a vacinação pentavalente, poliomielite oral, febre amarela, tríplice viral, varicela, difteria tétano, coqueluche no reforço, rotavírus, pneumocócica, meningocócica, pólio inativada, que agora vai ser a única vacina contra pólio utilizada no país, a partir de novembro. Hepatite A e, mais tardiamente, a partir dos nove anos, HPV e duplo adulto e a vacina contra a Covid. No calendário do adolescente, vai depender das vacinas que ele fez previamente. Então, hepatite B parte do princípio que seja feito no calendário da criança, mas se não fez ou não completou o número de doses, na adolescência é importante esse check-up do calendário vacinal de cada adolescente para ver alguma vacina que tenha deixado de ser feita na idade que foi recomendada. Então, faz parte do calendário do adolescente a hepatite B, um reforço com a dupla adulto, febre amarela, teoricamente, a criança já recebeu duas doses aos nove meses, aos quatro anos, então adolescente não teria que fazer, mas se ele não recebeu nenhuma dose, é o momento de ele ser vacinado. Tríplice viral, ele teria que ter duas doses, também na infância. Não fez, vai fazer agora na adolescência.

Então, as vacinas que são realmente, de fato, feitas no adolescente é um reforço da meningite meningocócica, a vacina contra o HPV, o reforço do tétano, seja com a dupla adulto no calendário público, seja com a tríplice bacteriana do adulto, no calendário privado, e agora a vacina contra a dengue, que foi adicionada ao calendário do adolescente, porque a faixa etária que foi decidida nesse início da vacinação contra a dengue foram os adolescentes de 10 a 14 anos.

Como a SBIm orienta os pais sobre a importância da imunização em relação a doenças evitáveis?

A SBIm se comunica com o público leigo, com a população em geral, de diversas formas. Nós temos um site chamado Família SBIm, onde todas as orientações aos profissionais da saúde são traduzidos de uma maneira fácil, leiga, compreensível para a população em geral. Então, essa é uma forma por escrito, onde a gente tem uma verdadeira enciclopédia sobre todas as vacinas, sobre a importância, sobre recuperação de calendários vacinais atrasados. Enfim, tudo que existe sobre vacinação pode ser checado, pode ser consultado por qualquer pessoa. Esse site aberto, que é o Família SBIm. Fora isso, a gente se comunica também muito com a população leiga, nas entrevistas, nas mídias. Então, a SBIM, frequentemente, está aí passando informações, sendo entrevistadas. É uma fonte de informação confiável. Enfim, a gente está aí, de diversas formas, nos comunicando com a população em geral e com os profissionais da saúde.

Existem também outros motivos que levam à não vacinação, que são de organização mesmo. Falta desabastecimento temporário de vacinas, horário de funcionamento dos postos, profissionais da saúde que estão lá na frente do paciente a ser vacinado e, por algum motivo, a criança sem a vacinação. Então, tem a capacitação dos profissionais que atuam na linha de frente, esse é um grande desafio. A gente vê barbaridades acontecendo nas salas de vacina. É um desafio, é muita gente. Nós temos 38 mil salas de vacina no país e a gente precisa treinar cada profissional que está lá na frente; Eles rodiziam muito, então, o treinamento e a capacitação dos profissionais da saúde também é muito importante. E detectar algum que seja antivacina, que não pode estar exercendo essa função de vacinação e espalhando medo, insegurança. Então, essas pessoas têm que também ser detectadas e mudar de função, enfim, aí cabe a cada posto de saúde tomar suas medidas.

Quais são os principais desafios enfrentados na promoção da vacinação infantil no Brasil?

Então, é um esforço extra que se faz para que a gente possa conscientizar tantos pais de crianças pequenas sobre a importância de manter o calendário vacinal em dia. Então, essas vacinas que estiverem em atraso é uma oportunidade de se organizar, adequação, atualização do calendário vacinal. Com isso ganha a criança vacinada e ganha a sociedade, com menos pessoas vulneráveis, com menos risco de reintrodução de doenças.

Eu vejo como um dos grandes desafios para a vacinação ocorrer tranquilamente no país, como era até uns anos atrás, é lidar com a desinformação, com a forma como as pessoas se orientam, hoje em dia muito pelas mídias sociais, por grupos de WhatsApp, e a gente sabe a quantidade de informações erradas e de fake news que estão correndo. Nós tivemos também durante a pandemia de Covid, que acentuou isso no país, uma organização dos grupos antivacina dos quais profissionais da saúde fazem parte, alguns profissionais da saúde que militam contra a ciência e contra as vacinas. Esse é um grande desafio, a gente conseguir fazer com que a população se sinta segura em vacinar e perceba a importância da vacinação e se sinta realmente confiante de levar uma criança para receber uma vacina quando ela ouviu boatos, fake news e desinformação sobre os riscos que essa vacina traria para o seu filho.

Esse é um dos grandes obstáculos que a gente está enfrentando. Fora isso, associado a isso, graças a vacinação em massa o Brasil eliminou doenças, controlou outras que antes eram muito frequentes. Com isso, os pais passam a se preocupar muito mais com esses boatos e com essas informações erradas sobre a segurança do que com as doenças que eles não estão vendo. A gente vê isso na prática; quando acontece um óbito por meningite meningocócica, por exemplo, a gente vê o número de pessoas correndo atrás da vacina; pessoas essas que já deveriam ter vacinado seus filhos, que deixaram de vacinar seus filhos, mas aí quando vê o medo próximo, poderia ter sido o meu filho, aí sai correndo. A gente viu isso na pandemia de H1N1, nesse surto último que a gente teve em 2017, 2018 da febre amarela. Aí sim, começa aquela corrida com horas e horas de fila e as pessoas apavoradas com doenças, porque elas estão sentindo medo, aí elas param de se preocupar tanto com esses boatos, com essas fake news e se vacinam.

Mas a Covid foi um caso à parte. A gente teve realmente uma mobilização contra a vacinação muito grande que veio desde a política até o Ministério da Saúde. Foi um desafio muito grande quando o estrago está feito, você retomar a confiança é muito difícil.

Que mitos, ou desinformações, sobre vacinas você gostaria de desmistificar?

São inúmeros mitos para diversas vacinas diferentes, então não tem nenhum mito específico que eu queira desmistificar Eu acho que existem fontes de informações corretas, eu recomendo que os pais se informem em locais oficiais pode ser no site do próprio Ministério da Saúde, no site da Anvisa, da Fiocruz, onde costuma ter todos os dados tabulados então esses dados são abertos e disponíveis para o público em geral. E os dados da SBIm. O nosso site, onde diversas informações, notas técnicas, isso seria mais para os profissionais da saúde, e no Família SBIm há informações também na forma fácil, clara para o leigo poder tirar suas dúvidas Temos um Fale Conosco, onde perguntas são respondidas e qualquer um pode fazer contato.

Como a vacinação tem contribuído para a saúde pública no Brasil, especialmente no que se refere à proteção de crianças e adolescentes?

Existe uma meta que é o percentual da população que deve estar vacinado para sua proteção individual e para a proteção coletiva, porque sempre existe o risco de reintrodução de doenças quando você tem grupos, nichos de não vacinados. É muito importante que as pessoas sejam vacinadas de acordo com as vacinas recomendadas para a faixa etária. A importância disso é sempre ressaltar que as vacinas são seguras, são confiáveis, são muito importantes para a preservação da saúde, para a longevidade, para uma vida mais longa, só as vacinas isoladamente foram responsáveis para o incremento de mais de 30 anos na expectativa de vida. Essa é a ideia, todas as fases da vida têm vacinas recomendadas e além de outras orientações para hábitos saudáveis. A vacinação em dia é mais uma ação que vai manter, que colabora para a preservação da saúde.

Que iniciativas ou campanhas a SBIm está desenvolvendo atualmente para promover a vacinação?

Em relação a como a SBIm tem promovido o incentivo à vacinação, são de diversas formas, como eu já comentei, curso de capacitação para os profissionais da saúde, que está agora em uma fase de atualização, mas esse curso existe já há alguns anos, alguns vários anos, onde muitos profissionais da saúde fazem esse curso, inclusive tem prova final e certificação. Nós temos um programa novo que chama Direto ao Ponto, onde também são programas de informação sobre imunização. Esses programas que nós estamos trabalhando são fonte de informação para os profissionais da saúde e atuamos também em diversas frentes junto a essas organizações, como eu disse, OPAS, Unicef e mesmo a SBIm fazendo suas próprias campanhas, como fizemos mais recentemente a campanha da raiva. Estamos fazendo um guia de imunização para pacientes oncológicos, já fizemos os oncológicos, com os pacientes alérgicos, trabalhando em parceria com outras sociedades médicas. Enfim, a SBIm atua em inúmeras frentes, sempre com o objetivo de melhorar a capacitação dos profissionais; e não são só aqueles que atuam em sala de vacina, mas os profissionais especialistas que não têm tanto contato com a imunização, que não se preocupam com a imunização dos seus pacientes. Então procurando, nós temos hoje médicos de diversas especialidades para incentivar que o profissional da saúde, especialista, recomende vacinas para os seus pacientes e são várias ações que estão sendo feitas para que isso aconteça de uma forma melhor.

Que mensagem você gostaria de deixar para os pais e responsáveis sobre a importância da imunização?

A minha mensagem final é que esse é o maior presente que a família pode dar para as suas crianças a proteção contra doenças que são imunopreveníveis, que vão preservar a saúde dos seus filhos, impedindo que eles tenham doenças graves, doenças até fatais. É um direito da criança e é um dever de quem cuida, de quem ama essas crianças, preservar sua saúde. As vacinas fazem parte dos cuidados que devemos ter com as crianças.

Eu só queria também fazer um comentário de que deve ser entendido que a vacinação não é um ato de proteção individual apenas, claro, aquela pessoa que está vacinada ela está protegida contra a doença, a não vacinada além de estar sob risco de desenvolver essas doenças para as quais ela não foi vacinada, ela também é um transmissor, ainda que involuntário. Então há uma responsabilidade coletiva, existe uma responsabilidade social porque o não vacinado e que adoece, ele transmite. Ele transmite para pessoas que podem ter situações frágeis, situações de maior gravidade de evolução das doenças e podem até ir a óbito.

Então existem situações de contraindicação de vacinas, por exemplo, um imunocomprometido grave que não pode tomar as vacinas vivas. Se ele tem contato com uma pessoa, com uma criança ou com um adolescente que está com sarampo, ele pode ter um quadro muito grave de sarampo. Então a gente tem que entender também a responsabilidade social da vacinação.

Parceria vai permitir alcançar crianças vulneráveis com livro de incentivo à leitura da Bíblia

Parceria vai permitir alcançar crianças vulneráveis com livro de incentivo à leitura da Bíblia

A leitura da Bíblia é fundamental para crianças e adolescentes crescerem no relacionamento com Deus. Por isso, nós do Projeto Calçada, investimos em iniciativas de expansão do Evangelho junto aos pequeninos. Recentemente, selecionamos nove organizações parceiras que atuam em comunidades muito vulneráveis nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil para serem abençoadas com o livro “Leia a Bíblia e faça oração”, de Hudson Silva.

O autor é também ilustrador e um grande amigo do Projeto Calçada. Hudson sempre esteve comprometido em levar a Palavra de Deus às crianças e adolescentes de uma forma bem peculiar. Decidimos apoiá-lo em mais este desafio, que é a produção e distribuição deste livro que requer investimentos para impressão, distribuição, embalagens e lápis de cor, que serão enviados junto com a publicação. Você também pode apoiar esta inciativa participando da Vaquinha Virtual lançada pelo Hudson. Acesse aqui e contribua com valores a partir de R$ 25,00.

Estou desejando fazer este livro para doação. Quero doar para instituições que trabalham com crianças carentes, assim como já fizemos no projeto de Salmos”, diz o autor. Com a ajuda da vaquinha virtual, Hudson espera doar mil livros. Segundo ele, quatro passos são necessários:

  1. Cada pessoa que comprar um livro, automaticamente investe num segundo que é doado;
  2. Relacionar ministérios que trabalham com seriedade na educação infantil;
  3. Montar uma rede de apoio para comprar os lápis de cor que seguirão junto com os livros;
  4. Conseguir recursos para distribuição.

Contamos com o seu envolvimento para que mais crianças possam ser alcançadas. Afinal, evangelizá-las e educá-las seguindo os princípios bíblicos pode ajudar a formar cidadãos que buscam transformar o mundo espiritual e social. Iniciativas como o livro Leia a Bíblia e faça oração” podem:

  1. Preparar cidadãos que buscam transformar o mundo;
  2. Auxiliar pais e professores a compreenderem o objetivo de um ministério com crianças;
  3. Influenciar a família a ser salva;
  4. Formar líderes, pregadores ou missionários;
  5. Influenciar a comunidade com valores bíblicos.
O Impacto da Desnutrição no Desenvolvimento Infantil

O Impacto da Desnutrição no Desenvolvimento Infantil

A desnutrição infantil é um problema grave que afeta milhões de crianças em todo o mundo, ocorrendo quando a criança não recebe nutrientes essenciais, como proteínas, vitaminas e minerais, em quantidades adequadas. Esse déficit não afeta apenas o crescimento visível, mas provoca alterações profundas no organismo, comprometendo o desenvolvimento infantil de maneira irreversível.

Desnutrição e Crescimento Celular

As células em crescimento, especialmente no cérebro, músculos e ossos, dependem de uma quantidade adequada de nutrientes para se multiplicarem e funcionarem corretamente. A falta desses nutrientes pode levar ao atraso no crescimento físico e à redução do tamanho dos órgãos, comprometendo a formação do sistema nervoso e muscular.

Desnutrição e o Sistema Nervoso

O desenvolvimento cerebral é extremamente dependente de nutrientes como ácidos graxos essenciais, ferro e iodo. A deficiência desses nutrientes durante a infância pode levar a alterações na mielinização dos neurônios, afetando a transmissão dos impulsos nervosos. Isso pode resultar em dificuldades de aprendizagem, problemas de memória e alterações comportamentais.

Desnutrição e o Sistema Musculoesquelético

O crescimento e fortalecimento dos ossos e músculos requerem uma dieta rica em proteínas, cálcio e vitamina D. A falta desses nutrientes pode causar fragilidade óssea, aumento do risco de fraturas e atrofia muscular. Além disso, a desnutrição crônica pode levar ao nanismo nutricional, uma condição em que a criança não atinge a altura potencial esperada para sua idade.

Desnutrição e o Sistema Imunológico

A deficiência de vitaminas e minerais essenciais, como zinco, vitamina A e vitamina C, enfraquece o sistema imunológico da criança. Isso a torna mais suscetível a infecções comuns, como diarreia e infecções respiratórias, que podem se tornar graves e recorrentes.

Desnutrição e Metabolismo

O metabolismo infantil é altamente demandante, necessitando de energia constante para sustentar o crescimento. A desnutrição leva ao comprometimento metabólico, reduzindo a taxa de crescimento e alterando a absorção de nutrientes. Isso cria um ciclo vicioso onde a criança, por estar desnutrida, tem mais dificuldade em absorver os nutrientes necessários para sair desse estado.

Entender os impactos fisiológicos da desnutrição é fundamental para combater esse problema de forma eficaz. A nutrição adequada é a base para um desenvolvimento saudável, garantindo que nossas crianças possam crescer fortes, inteligentes e saudáveis.

DICAS

  1. Ofereça uma Alimentação Variada

Inclua uma ampla variedade de alimentos no prato da criança, como frutas, legumes, grãos integrais, proteínas magras e laticínios. Isso garante que ela receba todos os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento.

  1. Priorize Alimentos Naturais e Evite Processados

Alimentos frescos e naturais são ricos em nutrientes essenciais e possuem menos aditivos, açúcares e gorduras saturadas. Evite ao máximo alimentos ultraprocessados, que têm baixo valor nutricional.

  1. Estabeleça Horários Regulares para as Refeições

Manter uma rotina alimentar com horários fixos para as refeições e lanches ajuda a regular o apetite da criança e evita o consumo excessivo de alimentos menos saudáveis.

  1. Incentive a Ingestão de Água

A água é essencial para a hidratação e o bom funcionamento do organismo. Ensine a criança a preferir água ao invés de bebidas açucaradas, como refrigerantes e sucos industrializados.

  1. Envolva a Criança na Preparação das Refeições

Incluir a criança no preparo das refeições pode torná-la mais interessada em experimentar novos alimentos. Além disso, ela aprende sobre a importância de uma alimentação saudável desde cedo.

*Autora: Driely Martins – Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica Funcional e Fitoterapia Funcional; Aprimoramento em Saúde da Mulher e Fertilidade, Doenças Autoimunes e Desordens Gastrointestinais.

Dia Mundial Contra Agressão Infantil

Dia Mundial Contra Agressão Infantil

A agressão não educa — a disciplina com amor, sim!

Primeiro, uma constatação de fatos:

O número de denúncias de agressões onde crianças e adolescentes são as vítimas é assustador. Até o final do primeiro semestre de 2023 já eram 97.341 denúncias.

A subnotificação desse tipo de violência é uma realidade. Quantas crianças sofrem violência sem que isso resulte em denúncia?

80% das agressões sofridas pelas crianças se dão no entorno familiar.

Muitas famílias tementes a Deus acreditam que “usar a vara” é mandamento bíblico.

Segundo, ouçamos a voz do sábio entre nós:

Trazemos à memória uma reflexão escrita por Zenon Lotufo Junior, filósofo, teólogo e educador cristão, sobre a tarefa de educar nossos filhos, com amor e sem maus tratos.

“Eu repreendo e disciplino a quantos amo” (Ap. 3.19)

A questão da disciplina tem sido objeto de confusão no meio evangélico. Há muitos irmãos que acreditam que disciplinar é sinônimo de castigar e que esse castigo deve ser físico e ainda, para ser fiel à Bíblia, com o uso de uma vara. Um exame mais atento dos textos bíblicos, no entanto, não justifica essa posição. A palavra disciplina, tanto em nossa língua quanto nos originais hebraico e grego, significa primeiramente educação. Tem a mesma origem que “discipular”. Para mim é motivo de tristeza pensar em quantas crianças são espancadas com varas e outros objetos por pais, que pensam estar sendo obedientes a Deus ao usarem técnicas educativas. A base destas técnicas, na realidade, está em uma psicologia — o chamado behaviorismo — que vê o ser humano como um simples animal, destituído de qualquer aspecto espiritual.

A bem da verdade, uma de minhas filhas, que se especializou em adestramento de animais, já me disse que nem com eles se utilizam, hoje em dia, castigos físicos. Há formas bem mais eficazes de conseguir obediência.

Mais ainda, todos quantos estão conscientes das terríveis consequências que o medo acarreta para a personalidade de uma pessoa pensariam muitas vezes antes de utilizá-lo para obter submissão.

Toda e qualquer forma de educação é também uma forma de disciplina; disciplinamos por palavras, por exemplos, pela atenção, pela compreensão, pela aceitação, pelo carinho e, eventualmente, também por castigos. Estes, aliás, são tanto menos necessários quanto mais existam os outros elementos citados.

Tudo isso não quer dizer que devamos ser permissivos ou excessivamente tolerantes. É preciso levar em conta que toda criança precisa crescer conhecendo limites, sendo orientada sobre o que é certo e o que é errado. Sem isso não desenvolverá a segurança interior que, em grande parte, é resultado da interiorização das atitudes dos pais para com ela — atitudes que precisam incluir firmeza amorosa.

Para aplicar adequadamente qualquer forma de disciplina, precisamos considerar um fato óbvio: nenhuma criança se comportará “mal” se não estiver infeliz. Coloquei entre aspas esse “mal” porque muito do que chamamos de mau comportamento infantil não passa de expressão legítima de sua própria natureza. Fazer barulho, mostrar-se irrequieta, não querer fazer tarefas escolares (ou outras coisas que ela considera, com toda a justiça, aborrecidas) podem contrariar os pais e podem ser objeto de disciplina amorosa, mas é fundamental que os educadores reconheçam — e o expressem — que a criança tem todo o direito de agir assim, de querer ou não querer o que quer ou não quer. Reconhecer preliminarmente esse direito diminui nossa eventual irritação e dizê-lo à criança torna mais fácil obter sua cooperação.

São bastante variadas as causas da infelicidade infantil, infelicidade essa que leva a criança a desenvolver comportamentos indesejáveis. Antes de tentar modificar esses comportamentos por meio de punições é necessário entender a mensagem que eles encerram. Muito frequentemente, compreender essa mensagem e atender às carências que a criança está expressando por suas atitudes torna desnecessária qualquer outra medida.

É importante conhecer algumas das causas do mau comportamento infantil: a criança não sabe o que é certo, não tem informações, não tem maturidade, está infeliz, se sente rejeitada ou insegura, está sendo desrespeitada, está refletindo o estado emocional do educador (ou educadores). Levando isso em conta, considere como chega a ser revoltante pensar que uma criança pequena pode estar sendo castigada porque, por seus maus modos, está tão-somente suplicando atenção, carinho, asseguramento do amor dos pais ou de quem a educa. (Zenon Lotufo Jr)

Terceiro, façamos um autoexame:

Abster-me do controle dentro do meu lar e nos meus relacionamentos é difícil para mim?

Meus filhos se sentem presos numa eterna disputa por poder entre eu e eles, onde tento exercer autoridade, custe o que custar?

Como será o meu relacionamento com eles quando eu começar a perder as minhas forças e eles se tornarem mais fortes que eu?

Que todas as nossas atitudes sejam orientadas pelo amor de Cristo, um amor que insiste em caminhar conosco, continua a nos orientar e persevera nos momentos difíceis!

Autora: Elsie B. C. Gilbert, missionária, jornalista e coordenadora da Rede Mãos Dadas 

O LIVRO INFANTIL COMO TECNOLOGIA SOCIAL

O LIVRO INFANTIL COMO TECNOLOGIA SOCIAL

Por Gabriella Vicente
Escritora, sanitarista e doutoranda em Saúde Pública pelo Instituto de Medicina Social/UERJ.

O livro infantil é um potente veículo de comunicação, ainda que compita com recursos sonoros e visuais mais apelativos, o livro contém o elemento da contação de história, uma janela de oportunidades para o ensino da indagação. E indagar, meus caros, em tempos de formatação padronizada do pensamento, é um poder.

Não quero aqui romantizar o não acesso a recursos tecnológicos que, de fato, facilitaria a vida de muitos que não acessam o básico, mas talvez propor uma visão alternativa ao conceito de tecnologia, que normalmente se restringe à maquinaria, automação e software. Valho-me do conceito de tecnologia social trazida pelo Caderno de Debate – Tecnologia Social no Brasil, como “conjunto de técnicas e metodologias transformadoras, desenvolvidas e/ou aplicadas na interação com a população e apropriadas por ela, que representam soluções para inclusão social e melhoria das condições de vida” (ITS, 2004:26) e como esse conceito se aplica a um país desigual com infâncias interrompidas pela vulnerabilidade social.

Cecília Meireles, já em 1984, traz a visão atemporal de que o livro infantil, se bem dirigido à criança, transmite os pontos de vista da intenção ou invenção que o adulto autor considera mais úteis à formação de seus leitores, de modo que a considerar a literatura não como um passatempo, mas uma nutrição (MEIRELES, 1984:29;32). Dessa forma, a literatura como ferramenta de tecnologia social tem como base a disseminação de soluções para problemas voltados às demandas das populações em situação de vulnerabilidade social.

A pobreza, violências e outras temáticas difíceis, se abordadas pela via do universo infantil, tem potência para destravar o debate que começa nas mais tenras idades. As perguntas da vulnerabilidade podem desafiar os adultos formuladores de políticas públicas protetoras da infância a questionamentos que desnaturalizam as condições desumanas de vida. A começar pelas crianças. A consciência da condição que os assola é cruel, mas potente, e o livro é veículo para a descoberta de realidades que elas podem tocar.

Termino essa reflexão com uma partilha da experiência do Miguel, uma criança com autismo após leitura, assessorada por sua mãe, do livro “A viagem de Dorinha”: “Já li pra Miguel. Ele ficou me abraçando e beijando a cada vez que eu falava sobre o afeto da Dorinha. O essencial da história ele captou”. Miguel entendeu uma mensagem socialmente determinada como ininteligível dada sua situação vulnerável, mas surpreendentemente a literatura infantil comunicou e encorajou afeto no menino Miguel. Feliz dia do livro infantil, tecnologia social potente para transformação de infâncias.

Agressão contra crianças e adolescentes: Impacto no desenvolvimento

Agressão contra crianças e adolescentes: Impacto no desenvolvimento

Para um desenvolvimento saudável, faz-se necessário um ambiente seguro composto por cuidadores amorosos, estáveis, que supram necessidades básicas da criança. Necessidades como: alimentação balanceada, cuidados físicos, proteção, atenção, afeto e carinho. Os primeiros anos de vida são cruciais para o desenvolvimento. Dos 0 aos 3 anos é a fase que o indivíduo mais aprende, não haverá outro momento no ciclo vital que ocorrerá tanto aprendizado. Assim, as primeiras experiências e interações deixarão marcas no corpo e no cérebro que moldarão toda a formação dos circuitos e da arquitetura do cérebro. Uma criança curiosa, que mostra-se animada para aprender, explorar e brincar, sinaliza que teve experiências positivas, pais participativos, presentes, com estímulos adequados, ou seja, um ambiente seguro que a permitiu crescer seguramente e ser nutrida física e emocionalmente. Esse desenvolvimento começa a correr riscos quando esta criança está inserida em circunstâncias muito difíceis, que se estendem por dias, semanas, meses e anos. Circunstâncias estas que configuram ambientes instáveis, com pouca interação positiva, que as expõe à violências.

Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil teve um aumento de mais de 20% de casos de maus-tratos contra crianças e adolescentes de 2020 para 2021. Apesar de existir uma enorme variabilidade de comportamentos e atitudes que podem ser prejudiciais à criança e ao adolescente por parte dos adultos ou cuidadores, os mais reconhecidos nas pesquisas como maus-tratos infantis, são a negligência física e emocional e o abuso psicológico, físico e sexual.

Os impactos da agressão contra crianças e adolescentes são diversos, tornando não apenas a infância comprometida, mas também a adolescência, pois aumenta o fator de risco já existente nessa fase, para o desenvolvimento de psicopatologias e maior suscetibilidade a vícios. Os estudos apontam uma relação direta de violências, adversidades vividas na infância com o desenvolvimentos de algum transtorno mental, como transtornos de ansiedade, depressão, estresse pós-traumático, suicídio, abuso de substâncias, transtornos de personalidade, bem como obesidade e anomalias no coração. Existem pesquisam que também mostram mudanças na arquitetura cerebral, no que diz respeito ao volume e morfologia, em decorrência desse
estresse precoce das agressões vivenciadas na infância. As áreas cerebrais prejudicadas mais apontadas nos estudos são as responsáveis por processar e armazenar reações emocionais; as que desempenham funções importantes na memória e no aprendizado; bem como a responsável pelo planejamento do comportamento cognitivamente complexo, processos de tomada de decisão, regulação emocional e adaptação do comportamento social. É importante ressaltar que os efeitos no funcionamento do cérebro, nem sempre aparecem imediatamente após a exposição ao evento, podem se manifestar na transição da infância para a vida adulta – na adolescência. Assim, mesmo que o adolescente não tenha um diagnóstico psiquiátrico, essas modificações podem influenciar o processamento e a resposta ao estresse psicossocial na vida adulta.

O organismo humano possui diversos mecanismos neurobiopsicológicos que atuam na regulação de respostas à situações adversas, de estresse social e psicológico. O eixo Hipotálamo-Pituitário-Adrenal (HPA) é um dos principais e mais antigos mecanismos de regulação do estresse em humanos. Na presença de eventos estressantes, físicos ou psicológicos, ocorre a estimulação de alguns hormônios que, por sua vez, estimulam as glândulas adrenais – também chamadas de suprarrenais – a produzir cortisona, o cortisol, um hormônio que ajuda o sujeito a se preparar para a reação de lutar ou fugir. Quando esse eixo é
ativado com frequência, ele perde essa função adaptativa: salvar a vida. Ele fica hipoativo, se apresenta insensível e menos reativo em situações de estresse agudo. Recomendo a leitura do estudo feito pelo Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul sobre como a violência afeta áreas do cérebro de crianças e adolescentes. Este estudo apontou que crianças e adolescentes submetidos a episódios de violência desligam involuntariamente partes do cérebro responsáveis pela memória, empatia e emoções, colocando a mente, em “modo de sobrevivência”. Desse modo, fica comprometida a capacidade de concentração e de processamento de novas
informações.

Diante de todos os prejuízos exposto que a violência, as agressões acarretam para um desenvolvimento infantojuvenil saudável, são urgentes ações que protejam nossas crianças e adolescentes. Não existe uma receita para um cenário compostos por variáveis diversas e complexas. O que temos são medidas, que todos nós podemos adotar, a começar pelo o que estamos fazendo com a escrita e leitura desse texto – a informação. Entender o que configura violência e seus impactos, pode gerar a conscientização e ações para mudanças comportamentais, de pais, cuidadores, professores, instituições e adultos de referência para com
as crianças e adolescentes;

Para mudanças de práticas parentais punitivas, seguem algumas dicas para ajudar nesse processo: mudanças comportamentais passam primeiramente pelo autoconhecimento, assim, quando estiver diante de uma situação desafiadora com sua criança/adolescente, pare, se dê um tempo, saia se possível do ambiente e perceba o que está sentindo, que reações está experimentando no seu corpo (coração acelerado, rubor na face, queimação no estômago). Observe seus comportamentos, que atitudes está prestes a tomar? Elas serão pedagógicas e orientadoras, ou vão fazer seu/sua filho(a) sentir-se envergonhado(a) e desencorajado(a)? Escute o que está falando, seu tom de voz e questione seus pensamentos. O que eles estão dizendo para você fala da atitude da sua criança/adolescente ou de alguma parte da sua história de questões irresolvidas? Quando não olhamos para nossa história e buscamos dar sentido a ela, ressignifica-la, podemos repetir padrões nocivos do passado, na nossa forma de ser pai e mãe. Ao fazer essa auto reflexão, poderá ficar mais consciente de si, dos seus pensamentos que geram suas emoções e consequentemente seus comportamentos. Assim, poderá escolher atitudes que caminhem na direção do pai/mãe que deseja ser e dos princípios e valores que deseja ensinar.

A comunicação não-violenta, visa promover interações empáticas, compassivas, que levam o outro e a mim em consideração. Abaixo, seguem os quatro componentes para promover essa comunicação:

Percebem que para uma relação pais e filhos que promova uma ambiente favorável para um desenvolvimento saudável, passa pelo autocuidado dos pais? A violência pode estar sendo uma repetição geracional, tendo como uma das consequências as alterações cerebrais identificadas pelos estudos, em que esses déficits acarretam em distúrbios de socialização, facilitam o envolvimento com drogas e álcool, aumentam a agressividade, contribuem na formação de adultos impulsivos, que tendem a acreditar que os apuros da vida são solucionados por meio da força e não do diálogo.


Ana Paula Gonçalves Martins Moreira
Psicóloga especialista em Gestão de Competências em Recursos Humanos. Especialista em
Terapia Cognitivo-comportamental. Psicóloga clínica de crianças e adolescentes. Palestrante,
professora e supervisora de turmas de formação e especialização em Terapia Cognitivo-
comportamental.

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