A desnutrição infantil é um problema grave que afeta milhões de crianças em todo o mundo, ocorrendo quando a criança não recebe nutrientes essenciais, como proteínas, vitaminas e minerais, em quantidades adequadas. Esse déficit não afeta apenas o crescimento visível, mas provoca alterações profundas no organismo, comprometendo o desenvolvimento infantil de maneira irreversível.
Desnutrição e Crescimento Celular
As células em crescimento, especialmente no cérebro, músculos e ossos, dependem de uma quantidade adequada de nutrientes para se multiplicarem e funcionarem corretamente. A falta desses nutrientes pode levar ao atraso no crescimento físico e à redução do tamanho dos órgãos, comprometendo a formação do sistema nervoso e muscular.
Desnutrição e o Sistema Nervoso
O desenvolvimento cerebral é extremamente dependente de nutrientes como ácidos graxos essenciais, ferro e iodo. A deficiência desses nutrientes durante a infância pode levar a alterações na mielinização dos neurônios, afetando a transmissão dos impulsos nervosos. Isso pode resultar em dificuldades de aprendizagem, problemas de memória e alterações comportamentais.
Desnutrição e o Sistema Musculoesquelético
O crescimento e fortalecimento dos ossos e músculos requerem uma dieta rica em proteínas, cálcio e vitamina D. A falta desses nutrientes pode causar fragilidade óssea, aumento do risco de fraturas e atrofia muscular. Além disso, a desnutrição crônica pode levar ao nanismo nutricional, uma condição em que a criança não atinge a altura potencial esperada para sua idade.
Desnutrição e o Sistema Imunológico
A deficiência de vitaminas e minerais essenciais, como zinco, vitamina A e vitamina C, enfraquece o sistema imunológico da criança. Isso a torna mais suscetível a infecções comuns, como diarreia e infecções respiratórias, que podem se tornar graves e recorrentes.
Desnutrição e Metabolismo
O metabolismo infantil é altamente demandante, necessitando de energia constante para sustentar o crescimento. A desnutrição leva ao comprometimento metabólico, reduzindo a taxa de crescimento e alterando a absorção de nutrientes. Isso cria um ciclo vicioso onde a criança, por estar desnutrida, tem mais dificuldade em absorver os nutrientes necessários para sair desse estado.
Entender os impactos fisiológicos da desnutrição é fundamental para combater esse problema de forma eficaz. A nutrição adequada é a base para um desenvolvimento saudável, garantindo que nossas crianças possam crescer fortes, inteligentes e saudáveis.
DICAS
Ofereça uma Alimentação Variada
Inclua uma ampla variedade de alimentos no prato da criança, como frutas, legumes, grãos integrais, proteínas magras e laticínios. Isso garante que ela receba todos os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento.
Priorize Alimentos Naturais e Evite Processados
Alimentos frescos e naturais são ricos em nutrientes essenciais e possuem menos aditivos, açúcares e gorduras saturadas. Evite ao máximo alimentos ultraprocessados, que têm baixo valor nutricional.
Estabeleça Horários Regulares para as Refeições
Manter uma rotina alimentar com horários fixos para as refeições e lanches ajuda a regular o apetite da criança e evita o consumo excessivo de alimentos menos saudáveis.
Incentive a Ingestão de Água
A água é essencial para a hidratação e o bom funcionamento do organismo. Ensine a criança a preferir água ao invés de bebidas açucaradas, como refrigerantes e sucos industrializados.
Envolva a Criança na Preparação das Refeições
Incluir a criança no preparo das refeições pode torná-la mais interessada em experimentar novos alimentos. Além disso, ela aprende sobre a importância de uma alimentação saudável desde cedo.
*Autora: Driely Martins – Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica Funcional e Fitoterapia Funcional; Aprimoramento em Saúde da Mulher e Fertilidade, Doenças Autoimunes e Desordens Gastrointestinais.
A agressão não educa — a disciplina com amor, sim!
Primeiro, uma constatação de fatos:
O número de denúncias de agressões onde crianças e adolescentes são as vítimas é assustador. Até o final do primeiro semestre de 2023 já eram 97.341 denúncias.
A subnotificação desse tipo de violência é uma realidade. Quantas crianças sofrem violência sem que isso resulte em denúncia?
80% das agressões sofridas pelas crianças se dão no entorno familiar.
Muitas famílias tementes a Deus acreditam que “usar a vara” é mandamento bíblico.
Segundo, ouçamos a voz do sábio entre nós:
Trazemos à memória uma reflexão escrita por Zenon Lotufo Junior, filósofo, teólogo e educador cristão, sobre a tarefa de educar nossos filhos, com amor e sem maus tratos.
“Eu repreendo e disciplino a quantos amo” (Ap. 3.19)
A questão da disciplina tem sido objeto de confusão no meio evangélico. Há muitos irmãos que acreditam que disciplinar é sinônimo de castigar e que esse castigo deve ser físico e ainda, para ser fiel à Bíblia, com o uso de uma vara. Um exame mais atento dos textos bíblicos, no entanto, não justifica essa posição. A palavra disciplina, tanto em nossa língua quanto nos originais hebraico e grego, significa primeiramente educação. Tem a mesma origem que “discipular”. Para mim é motivo de tristeza pensar em quantas crianças são espancadas com varas e outros objetos por pais, que pensam estar sendo obedientes a Deus ao usarem técnicas educativas. A base destas técnicas, na realidade, está em uma psicologia — o chamado behaviorismo — que vê o ser humano como um simples animal, destituído de qualquer aspecto espiritual.
A bem da verdade, uma de minhas filhas, que se especializou em adestramento de animais, já me disse que nem com eles se utilizam, hoje em dia, castigos físicos. Há formas bem mais eficazes de conseguir obediência.
Mais ainda, todos quantos estão conscientes das terríveis consequências que o medo acarreta para a personalidade de uma pessoa pensariam muitas vezes antes de utilizá-lo para obter submissão.
Toda e qualquer forma de educação é também uma forma de disciplina; disciplinamos por palavras, por exemplos, pela atenção, pela compreensão, pela aceitação, pelo carinho e, eventualmente, também por castigos. Estes, aliás, são tanto menos necessários quanto mais existam os outros elementos citados.
Tudo isso não quer dizer que devamos ser permissivos ou excessivamente tolerantes. É preciso levar em conta que toda criança precisa crescer conhecendo limites, sendo orientada sobre o que é certo e o que é errado. Sem isso não desenvolverá a segurança interior que, em grande parte, é resultado da interiorização das atitudes dos pais para com ela — atitudes que precisam incluir firmeza amorosa.
Para aplicar adequadamente qualquer forma de disciplina, precisamos considerar um fato óbvio: nenhuma criança se comportará “mal” se não estiver infeliz. Coloquei entre aspas esse “mal” porque muito do que chamamos de mau comportamento infantil não passa de expressão legítima de sua própria natureza. Fazer barulho, mostrar-se irrequieta, não querer fazer tarefas escolares (ou outras coisas que ela considera, com toda a justiça, aborrecidas) podem contrariar os pais e podem ser objeto de disciplina amorosa, mas é fundamental que os educadores reconheçam — e o expressem — que a criança tem todo o direito de agir assim, de querer ou não querer o que quer ou não quer. Reconhecer preliminarmente esse direito diminui nossa eventual irritação e dizê-lo à criança torna mais fácil obter sua cooperação.
São bastante variadas as causas da infelicidade infantil, infelicidade essa que leva a criança a desenvolver comportamentos indesejáveis. Antes de tentar modificar esses comportamentos por meio de punições é necessário entender a mensagem que eles encerram. Muito frequentemente, compreender essa mensagem e atender às carências que a criança está expressando por suas atitudes torna desnecessária qualquer outra medida.
É importante conhecer algumas das causas do mau comportamento infantil: a criança não sabe o que é certo, não tem informações, não tem maturidade, está infeliz, se sente rejeitada ou insegura, está sendo desrespeitada, está refletindo o estado emocional do educador (ou educadores). Levando isso em conta, considere como chega a ser revoltante pensar que uma criança pequena pode estar sendo castigada porque, por seus maus modos, está tão-somente suplicando atenção, carinho, asseguramento do amor dos pais ou de quem a educa. (Zenon Lotufo Jr)
Terceiro, façamos um autoexame:
Abster-me do controle dentro do meu lar e nos meus relacionamentos é difícil para mim?
Meus filhos se sentem presos numa eterna disputa por poder entre eu e eles, onde tento exercer autoridade, custe o que custar?
Como será o meu relacionamento com eles quando eu começar a perder as minhas forças e eles se tornarem mais fortes que eu?
Que todas as nossas atitudes sejam orientadas pelo amor de Cristo, um amor que insiste em caminhar conosco, continua a nos orientar e persevera nos momentos difíceis!
Autora: Elsie B. C. Gilbert, missionária, jornalista e coordenadora da Rede Mãos Dadas
Maio é o mês de combate ao abuso e à exploração sexual infantil no Brasil; um dos nossos maiores desafios. Em 24 anos de existência, o Projeto Calçada já conversou com milhares de crianças e adolescentes em vários pontos do mundo. Muito do que ouvimos nos entristeceu, mas também nos encheu de força e coragem de “chorar com os que choram” e, principalmente, tomar atitudes que eles não são capazes de tomar. Aconselhamos e denunciamos.
Por isso, precisamos de mais parceiros dispostos a serem defensores de meninos e meninas que muitas vezes não têm com quem contar.
Ao longo de todo este mês compartilharemos em nossas redes sociais conteúdos com informações e orientações sobre como você pode ajudar a combater o abuso e a exploração sexual de meninos e meninas.
No dia 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, faremos uma live especial sobre o tema. Convidados especiais, comprometidos com nossas ações, falarão sobre danos psicológicos causados pelo abuso sexual; as melhores formas de tratarmos crianças e adolescentes vítimas de exploração sexual; atitudes de prevenção; redes de apoio às vítimas entre outros conteúdos essenciais ao cuidado e proteção infantojuvenil
Como surgiu a data
A criação do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi instituída pela Lei nº 9.970 em 17 de maio de 2000. A data é dedicada à memória de Araceli Cabrera Sánchez Crespo, uma menina de 8 anos que, em 18 de maio de 1973, no estado do Espírito Santo, foi sequestrada, vítima de diversas formas de violência e, posteriormente, morta por seus sequestradores. Seu corpo foi encontrado seis dias depois, e os responsáveis pelo crime não foram punidos até os dias atuais.
Seu apoio ao Maio Laranja é fundamental para evitar que histórias como a da Araceli se repitam. Compartilhe nossos conteúdos com a sua igreja ou organização, familiares e amigos.
Vamos juntos mobilizar a sociedade brasileira para combater a violação dos direitos infantojuvenis.
Denuncie
E, lembre-se, caso suspeite ou tenha conhecimento de alguma criança ou adolescente que está sofrendo violência, denuncie ao Conselho Tutelar da sua cidade ou ao Disque 100. Em casos mais urgentes, chame a Polícia Militar: 190.
Neste 19 de abril, Dia dos Povos Indígenas, lembramos que é cada vez mais necessário o trabalho de proteção e cuidado de crianças nas aldeias.
Um documento produzido pelo Núcleo Ciência Pela Infância, no período de 2018 a 2022, revela que a taxa de mortalidade das crianças de até 4 anos entre indígenas no Brasil é mais que o dobro daquela registrada entre o restante da população infantil do país.
Em 2023, capacitamos o Jaime (à esquerda da foto), um ex-cacique, para usar o aplicativo Bolsa Verde em sua aldeia. Nesta imagem, ele aparece acompanhado pelo nosso multiplicador Hélito (à direita). Jaime é missionário nativo e atua na aldeia de Kacuri, uma comunidade ribeirinha localizada no alto rio Purus na região de Pauiní, no sul do Amazonas. Ele auxilia na plantação de uma igreja na região e tem multiplicado as ações para que crianças e adolescentes indígenas sejam devidamente aconselhados.
O missionário chega a ficar até 15 dias na aldeia, incomunicável, promovendo iniciativas que ajudarão a mudar a realidade dos povos indígenas.
Você também pode fazer a sua parte. Seja orando, ofertando ou se capacitando para ir, envolva-se com nossas ações. Ajude a restaurar a autoestima, também, das crianças indígenas.
Por Gabriella Vicente Escritora, sanitarista e doutoranda em Saúde Pública pelo Instituto de Medicina Social/UERJ.
O livro infantil é um potente veículo de comunicação, ainda que compita com recursos sonoros e visuais mais apelativos, o livro contém o elemento da contação de história, uma janela de oportunidades para o ensino da indagação. E indagar, meus caros, em tempos de formatação padronizada do pensamento, é um poder.
Não quero aqui romantizar o não acesso a recursos tecnológicos que, de fato, facilitaria a vida de muitos que não acessam o básico, mas talvez propor uma visão alternativa ao conceito de tecnologia, que normalmente se restringe à maquinaria, automação e software. Valho-me do conceito de tecnologia social trazida pelo Caderno de Debate – Tecnologia Social no Brasil, como “conjunto de técnicas e metodologias transformadoras, desenvolvidas e/ou aplicadas na interação com a população e apropriadas por ela, que representam soluções para inclusão social e melhoria das condições de vida” (ITS, 2004:26) e como esse conceito se aplica a um país desigual com infâncias interrompidas pela vulnerabilidade social.
Cecília Meireles, já em 1984, traz a visão atemporal de que o livro infantil, se bem dirigido à criança, transmite os pontos de vista da intenção ou invenção que o adulto autor considera mais úteis à formação de seus leitores, de modo que a considerar a literatura não como um passatempo, mas uma nutrição (MEIRELES, 1984:29;32). Dessa forma, a literatura como ferramenta de tecnologia social tem como base a disseminação de soluções para problemas voltados às demandas das populações em situação de vulnerabilidade social.
A pobreza, violências e outras temáticas difíceis, se abordadas pela via do universo infantil, tem potência para destravar o debate que começa nas mais tenras idades. As perguntas da vulnerabilidade podem desafiar os adultos formuladores de políticas públicas protetoras da infância a questionamentos que desnaturalizam as condições desumanas de vida. A começar pelas crianças. A consciência da condição que os assola é cruel, mas potente, e o livro é veículo para a descoberta de realidades que elas podem tocar.
Termino essa reflexão com uma partilha da experiência do Miguel, uma criança com autismo após leitura, assessorada por sua mãe, do livro “A viagem de Dorinha”: “Já li pra Miguel. Ele ficou me abraçando e beijando a cada vez que eu falava sobre o afeto da Dorinha. O essencial da história ele captou”. Miguel entendeu uma mensagem socialmente determinada como ininteligível dada sua situação vulnerável, mas surpreendentemente a literatura infantil comunicou e encorajou afeto no menino Miguel. Feliz dia do livro infantil, tecnologia social potente para transformação de infâncias.
A partir de hoje (06) você vai acompanhar uma série de testemunhos de pessoas que, de alguma forma, tem se envolvido com o Projeto Calçada, na luta por levar cuidado e proteção a crianças e adolescentes no Brasil e nos demais países da América Latina. A série AMOR EM AÇÃO apresenta áudios, vídeos e artigos com relatos de muito amor, entrega e compaixão que prometem inspirar outras pessoas a também se envolverem com nossas iniciativas.
Neste primeiro episódio, você confere o relato da diaconisa Nilsa, que está concluindo um TCC sobre o Projeto Calçada.
Nilza Medeiros Pinto é diaconisa da Igreja Batista de Itacuruçá, na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. Lá, ela é responsável por ministérios nas áreas de recepção e eventos, além de ser a relatora de uma comissão jurídica. Mas foi na Primeira Igreja Batista de Alcântara, em São Gonçalo/RJ, que se converteu. Em 2025, Nilza completará 50 anos de batismo.
Casada há 35 anos com o Fernando, com quem teve 2 filhos e um neto, ela fez sua primeira faculdade no Instituto Batista de Educação Religiosa (Iber), que atualmente se chama Ciem. Após sua formação em Educação Religiosa, a Nilza cursou Arquivologia na Unirio. Posteriormente, ela cursou a faculdade de Direito, na Cândido Mendes. Logo depois, cursou Pós-Graduação e Mestrado em Engenharia Ambiental na Universidade Federal de Ouro Preto/MG.
Neste mês de março, Nilza conclui outra Pós-Gradução, desta vez sobre Desenvolvimento e Liderança, que é subsidiada pelo Lions Clube do Brasil. E é sobre o tema do seu TCC que a Nilza conversou com nossa equipe de Comunicação. Ela escolheu falar sobre “A Mulher na Liderança e o Terceiro Setor” e se inspirou no Projeto Calçada, o qual conhece desde a sua fundação aqui no Brasil, em 2000.
Ouça AQUI esta história e inspire-se a se envolver cada vez mais com nossas iniciativas.
A metodologia de aconselhamento do Projeto Calçada já alcançou mais de 101 mil crianças e adolescentes ao longo dos últimos 24 anos. São frequentes os relatos de educadores e líderes de organizações parceiras sobre os impactos de nossas iniciativas na vida daqueles que, direta ou indiretamente, tiveram sua autoestima ameaçada ou mesmo destruída. Confira a seguir alguns desses testemunhos e seja você o (a) próximo (a) a seguir junto conosco nesta missão de transformação de vidas.
“Amo ser parte do projeto Lifewords, uma parceria que agrega muito no nosso projeto, Reviva Sertão. Acho muito boa a relação com a liderança. De fácil acesso e suprindo todos as questões possíveis.” – Distrito Luz
“Nos sentimos abençoados com essa parceria. Somos gratos por tamanha contribuição na vida de nossas crianças. Obrigado a está equipe maravilhosa. Deus os abençoe e recompense.” – Associação Comunitária Ebenézer
“Tínhamos um menino que sempre foi muito tímido e retraído. Hoje ele tem se mostrado muito animado, mais espontâneo e carinhoso. O que mais ficou visível nele foi o impacto na autoestima. Nós da equipe, entre os educadores, percebemos a noção de pertencimento que a aplicação do Bolsa Verde gerou nas crianças. O acolhimento através desta iniciativa afeta diretamente na redução de faltas das crianças na escolinha. Após o aconselhamento, elas estão mais interativas e carinhosas.” – Casa Cruzeiro
“A melhora no relacionamento foi uma mudança que chamou a minha atenção, pois as crianças que participaram dele, algumas com problemas familiares que acabavam afetando o relacionamento interpessoal, mudaram com os colegas. Elas também estão muito mais participativas. Isso trouxe uma visão diferente do trabalho do Bolsa Verde e a sua importância para o crescimento saudável da criança.” – Bom Samaritano
“Após o aconselhamento, foi perceptível a mudança de comportamento em uma criança que apresentava agressividade, dificuldade de relacionamento com os demais, desânimo… Após o atendimento, essa criança apresenta alegria no olhar, tem autoestima elevada, se relaciona melhor, com respeito e amor. Ela aceitou a Jesus, foi batizada. Enfim, foi algo extraordinário para nós. O que mais impactou a equipe foi a mudança no comportamento das crianças, que gerou afetividade e mais respeito no falar.” – Projeto Reintegrar
“Penso que o Projeto Calçada é um ministério muito impactante na vida das pessoas que são alcançadas. Queremos continuar neste ano de 2024 com uma atuação ainda maior.” – Rebusca.
“J. é um menino que deixou a escola no ano passado, por ter concluído o curso. Fiz alguns aconselhamentos com ele porque tinha a autoestima muito baixa, estava sempre se escondendo debaixo do boné. Esse menino não se relacionava com ninguém. Hoje encontrei J. na rua, ele caminhava na companhia de outra ex-aluna, e estava sorrindo. Ele me cumprimentou com alegria. Comentei com outros colegas sobre a mudança que Deus fez na vida de J., como Deus o libertou.” – Chile
“A mudança é notória na vida de uma das crianças aconselhadas com a Bolsa Verde. Ela está muito mais sociável e tem apoiado os professores da EBD na classe de crianças menores.” – Bolívia
“Elsia (pseudônimo por questão de segurança) tem 13 anos e há algum tempo sofre com o bullying em sua escola. As dores no seu coração são tão profundas que ela tem se automutilado para buscar alívio. O aconselhamento com o Bolsa Verde ajudou-a a compartilhar o que estava guardado no seu coração. Depois de aconselhada, ela não se cortou mais. Sua família percebeu mudanças em seu comportamento, que antes era muito introvertido. Nossa organização segue acompanhando essa adolescente.” – El Salvador
“Jaime (pseudônimo por questão de segurança) não para a escola há mais de uma semana, devido à situação que vivia. E mesmo quando comparecia às aulas, não fazia as atividades. Sua mãe contou que após o aconselhamento com o Bolsa Verde, esse menino tomou a decisão de continuar com os estudos, porque isso agrada a Deus, e também disse que deve ser melhor a cada dia em todos os aspectos de sua vida. A mãe do Jaime não frequentava as atividades da igreja, mas ultimamente tem sido participativa e já está sendo discipulada e cuidada pessoalmente pela liderança da igreja.” – Venezuela
Como aplicar o Bolsa Verde Para aconselhar com o aplicativo Bolsa Verde, os interessados (as) participa de uma capacitação presencial ou online. Eles aprendem a desenvolver uma conversa pessoal, lúdica e transformadora, respeitando a individualidade e fase de desenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social.
Esta ferramenta é desenvolvida para trabalhadores sociais, professores, psicólogos, assistentes sociais, líderes religiosos ou outro (a) profissional recomendado (a) por uma organização parceira. Mais informações sobre o Bolsa Verde você encontra AQUI.
Como uma organização que preza pela proteção de crianças e adolescentes, nós do Projeto Calçada acreditamos que todos os menores devem ser tratados com dignidade e respeito. Temos em nossa Política de Proteção a Crianças e Adolescentes diretrizes de boas práticas a serem seguidas por todos os envolvidos, e que previnem e lidam com todas as formas possíveis de violência contra eles: desde medidas de sensibilização até medidas de proteção, para mantê-los longe do perigo. Por isso, comemoramos a decisão do UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância – de pedir às autoridades brasileiras responsáveis que interrompam apreensões de crianças e adolescentes sem flagrante no país e assegurem integralmente os direitos de meninas e meninos.
No início de janeiro, O Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, protocolou junto ao Supremo Tribunal Federal um pedido para restabelecer a proibição da apreensão de menores, exceto em casos de flagrante, nas praias do Rio de Janeiro.
A medida havia sido suspensa em dezembro de 2023 pelo TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), que vetou a proibição desse tipo de apreensão durante a Operação Verão.
O UNICEF alerta que a medida atinge em especial crianças e adolescentes negros das periferias de grandes centros urbanos. A nota do Fundo diz que a apreensão de menores, sem flagrante, “viola expressamente direitos fundamentais de meninas e meninos garantidos pela Convenção sobre os Direitos da Criança (CRC), pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e pela Constituição Federal de 1988”.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 230, estabelece que, no Brasil, é crime “privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente”. Seguindo na mesma linha, a Constituição brasileira assegura, nos seus artigos 5 e 227, a proteção integral da criança e do adolescente e seu direito à liberdade, enquanto pessoas em desenvolvimento.
Já o artigo 37 da Convenção sobre os Direitos da Criança, que foi ratificada por 196 países, entre eles o Brasil, indica que os países devem garantir que nenhuma criança e nenhum adolescente “seja privado de sua liberdade de forma ilegal ou arbitrária”.
Caminhos para a segurança pública O UNICEF diz que o debate sobre segurança pública no Brasil precisa alcançar governos, polícias, sociedade civil e os próprios adolescentes e jovens, definindo “soluções baseadas em evidências e voltadas à prevenção e à resposta às diferentes formas de violência e à garantia de cidades mais seguras e inclusivas para todos”.
No dia 24 de maio, um evento especial aconteceu no Morro da Providência, no Rio de Janeiro. O Encontrão Rio, contou com a participação de 25 colaboradores das organizações parceiras da Missão Aliança que atuam na cidade do Rio de Janeiro: Lifewords,Casa Semente e Casa Cruzeiro.
Anualmente um grupo de cada um dos 14 parceiros da Missão Aliança no Brasil se reúnem em Curitiba, para fortalecimento dos vínculos, cuidado emocional, compartilhamento de experiências e fundamentação teórica da praxis. O Encontrão Rio surgiu do desejo de compartilhar parte do encontro de Curitiba com os membros das organizações parceiras que não puderam comparecer. O evento seguiu o tema de Curitiba: “Transformação, Reconciliação e Empoderamento”, e trouxe reflexões profundas e momentos inspiradores para todos que estavam presentes.
“O dia teve início com parte do grupo se encontrando na Central do Brasil, subindo de kombi até parte do trajeto e caminhando pelas escadarias, “becos e valados” do Morro da Providência (primeira favela do Brasil) até a Casa Cruzeiro, onde ocorreu o encontro. O grupo foi recebido pela equipe da Casa Cruzeiro com um maravilhoso café da manhã enquanto se deslumbrava com a vista privilegiada da cidade.” – relata, Luciana Falcão, Coordenadora do Brasil do Projeto Calçada.
Já na sala ampla da Casa, George Guimarães, da Casa Semente, conhecido por seu talento musical, conduziu um momento de louvor, enchendo o ambiente de alegria e espiritualidade. A reflexão bíblica sobre a reconciliação foi ministrada por Bebeto Araújo, Diretor da Missão Aliança no Brasil. Um momento que tocou profundamente os corações presentes.
Durante o Encontrão, houve também o compartilhamento de boas práticas, destacando o poder da mobilização comunitária. Vladimir Oliveira, da Igreja Cristã Redenção Baixada e Casa Semente, trouxe inspirações por meio do projeto “Café com os pastores de Jardim Gramacho”, evidenciando a importância da diaconia colaborativa.
Um dos momentos emocionantes foi a apresentação da Casa Cruzeiro, conduzida por Luke Simone, Jessica Xavier e Marlene Ramires, que compartilharam histórias de transformação e impacto positivo na comunidade. O trabalho em grupo liderado por Clenir Xavier, Diretora Internacional do Projeto Calçada, deu voz às crianças e adolescentes, proporcionando um tempo de muita reflexão e um exercício dos presentes, os quais por meio de desenhos feitos pelas crianças que seus projetos atendem, buscaram compreender o que as crianças e adolescentes estavam expressando com sonhos e contribuições para a transformação da comunidade. “Foi muito bom concluir o quanto é importante escutar as crianças e adolescentes, não deduzir o que querem falar, mas escutá-las, empoderando-as para trabalhar com elas, não apenas por elas e para elas.” disse, Luciana.
A palestra sobre o “Programa Economia do Reino”, ministrada por Aline de Aquino, da Missão Aliança, inspirou os presentes a repensarem suas práticas empreendedoras, promovendo uma economia sustentável e ética na comunidade.
No encerramento, Cleiton Souza, da Casa Semente conduziu um momento de silêncio, com a prática da Lectio Divina, proporcionando um ambiente de reflexão e conexão espiritual, preparando os participantes para a Ceia do Senhor, ministrada por Luke. Luciana Falcão conduziu o encerramento do evento junto com o grupo articulador e com a palavra de gratidão e oração de Bebeto Araújo. “Encerramos esse dia, que já nos fez sonhar com um novo encontro para o próximo ano.” – enfatiza, Luciana.
Entre os participantes, estava Sônia Cristina de Medeiros, membro do Conselho Consultivo da Lifewords, que compartilhou sua experiência e seu sentimento de gratidão por ter participado do Encontrão.
“Eu fiquei muito impactada com o Encontrão, agradeci muito a Deus por ter podido participar daqueles momentos. O que ouvi me fez refletir muito sobre o que Deus tem pra mim”, afirmou Sônia com entusiasmo.
A parceria entre a Lifewords, a Casa Semente e a Casa Cruzeiro, em conjunto com a Missão Aliança, mostrou o poder do trabalho colaborativo na transformação da realidade local. “Temos um ótimo relacionamento com os parceiros da Missão Aliança no Rio de Janeiro. A Casa Semente estamos acompanhando desde a sua fundação. E a Casa Cruzeiro, mais recentemente. Ambas são também nossas parceiras no uso da metodologia da Bolsa Verde. Quando estamos juntos fica claro o respeito, o amor e tanta sinergia que há entre nós. Por isso, o pensamento do fortalecimento da rede de parceiros da Missão Aliança na cidade do Rio, onde estamos sediados, de modo que possamos cooperar mutuamente ainda mais e fomentar iniciativas potentes, criativas e colaborativas. O Encontrão Rio mostrou que estamos no caminho!” – finalizou, Luciana Falcão.
Para um desenvolvimento saudável, faz-se necessário um ambiente seguro composto por cuidadores amorosos, estáveis, que supram necessidades básicas da criança. Necessidades como: alimentação balanceada, cuidados físicos, proteção, atenção, afeto e carinho. Os primeiros anos de vida são cruciais para o desenvolvimento. Dos 0 aos 3 anos é a fase que o indivíduo mais aprende, não haverá outro momento no ciclo vital que ocorrerá tanto aprendizado. Assim, as primeiras experiências e interações deixarão marcas no corpo e no cérebro que moldarão toda a formação dos circuitos e da arquitetura do cérebro. Uma criança curiosa, que mostra-se animada para aprender, explorar e brincar, sinaliza que teve experiências positivas, pais participativos, presentes, com estímulos adequados, ou seja, um ambiente seguro que a permitiu crescer seguramente e ser nutrida física e emocionalmente. Esse desenvolvimento começa a correr riscos quando esta criança está inserida em circunstâncias muito difíceis, que se estendem por dias, semanas, meses e anos. Circunstâncias estas que configuram ambientes instáveis, com pouca interação positiva, que as expõe à violências.
Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil teve um aumento de mais de 20% de casos de maus-tratos contra crianças e adolescentes de 2020 para 2021. Apesar de existir uma enorme variabilidade de comportamentos e atitudes que podem ser prejudiciais à criança e ao adolescente por parte dos adultos ou cuidadores, os mais reconhecidos nas pesquisas como maus-tratos infantis, são a negligência física e emocional e o abuso psicológico, físico e sexual.
Os impactos da agressão contra crianças e adolescentes são diversos, tornando não apenas a infância comprometida, mas também a adolescência, pois aumenta o fator de risco já existente nessa fase, para o desenvolvimento de psicopatologias e maior suscetibilidade a vícios. Os estudos apontam uma relação direta de violências, adversidades vividas na infância com o desenvolvimentos de algum transtorno mental, como transtornos de ansiedade, depressão, estresse pós-traumático, suicídio, abuso de substâncias, transtornos de personalidade, bem como obesidade e anomalias no coração. Existem pesquisam que também mostram mudanças na arquitetura cerebral, no que diz respeito ao volume e morfologia, em decorrência desse estresse precoce das agressões vivenciadas na infância. As áreas cerebrais prejudicadas mais apontadas nos estudos são as responsáveis por processar e armazenar reações emocionais; as que desempenham funções importantes na memória e no aprendizado; bem como a responsável pelo planejamento do comportamento cognitivamente complexo, processos de tomada de decisão, regulação emocional e adaptação do comportamento social. É importante ressaltar que os efeitos no funcionamento do cérebro, nem sempre aparecem imediatamente após a exposição ao evento, podem se manifestar na transição da infância para a vida adulta – na adolescência. Assim, mesmo que o adolescente não tenha um diagnóstico psiquiátrico, essas modificações podem influenciar o processamento e a resposta ao estresse psicossocial na vida adulta.
O organismo humano possui diversos mecanismos neurobiopsicológicos que atuam na regulação de respostas à situações adversas, de estresse social e psicológico. O eixo Hipotálamo-Pituitário-Adrenal (HPA) é um dos principais e mais antigos mecanismos de regulação do estresse em humanos. Na presença de eventos estressantes, físicos ou psicológicos, ocorre a estimulação de alguns hormônios que, por sua vez, estimulam as glândulas adrenais – também chamadas de suprarrenais – a produzir cortisona, o cortisol, um hormônio que ajuda o sujeito a se preparar para a reação de lutar ou fugir. Quando esse eixo é ativado com frequência, ele perde essa função adaptativa: salvar a vida. Ele fica hipoativo, se apresenta insensível e menos reativo em situações de estresse agudo. Recomendo a leitura do estudo feito pelo Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul sobre como a violência afeta áreas do cérebro de crianças e adolescentes. Este estudo apontou que crianças e adolescentes submetidos a episódios de violência desligam involuntariamente partes do cérebro responsáveis pela memória, empatia e emoções, colocando a mente, em “modo de sobrevivência”. Desse modo, fica comprometida a capacidade de concentração e de processamento de novas informações.
Diante de todos os prejuízos exposto que a violência, as agressões acarretam para um desenvolvimento infantojuvenil saudável, são urgentes ações que protejam nossas crianças e adolescentes. Não existe uma receita para um cenário compostos por variáveis diversas e complexas. O que temos são medidas, que todos nós podemos adotar, a começar pelo o que estamos fazendo com a escrita e leitura desse texto – a informação. Entender o que configura violência e seus impactos, pode gerar a conscientização e ações para mudanças comportamentais, de pais, cuidadores, professores, instituições e adultos de referência para com as crianças e adolescentes;
Para mudanças de práticas parentais punitivas, seguem algumas dicas para ajudar nesse processo: mudanças comportamentais passam primeiramente pelo autoconhecimento, assim, quando estiver diante de uma situação desafiadora com sua criança/adolescente, pare, se dê um tempo, saia se possível do ambiente e perceba o que está sentindo, que reações está experimentando no seu corpo (coração acelerado, rubor na face, queimação no estômago). Observe seus comportamentos, que atitudes está prestes a tomar? Elas serão pedagógicas e orientadoras, ou vão fazer seu/sua filho(a) sentir-se envergonhado(a) e desencorajado(a)? Escute o que está falando, seu tom de voz e questione seus pensamentos. O que eles estão dizendo para você fala da atitude da sua criança/adolescente ou de alguma parte da sua história de questões irresolvidas? Quando não olhamos para nossa história e buscamos dar sentido a ela, ressignifica-la, podemos repetir padrões nocivos do passado, na nossa forma de ser pai e mãe. Ao fazer essa auto reflexão, poderá ficar mais consciente de si, dos seus pensamentos que geram suas emoções e consequentemente seus comportamentos. Assim, poderá escolher atitudes que caminhem na direção do pai/mãe que deseja ser e dos princípios e valores que deseja ensinar.
A comunicação não-violenta, visa promover interações empáticas, compassivas, que levam o outro e a mim em consideração. Abaixo, seguem os quatro componentes para promover essa comunicação:
Percebem que para uma relação pais e filhos que promova uma ambiente favorável para um desenvolvimento saudável, passa pelo autocuidado dos pais? A violência pode estar sendo uma repetição geracional, tendo como uma das consequências as alterações cerebrais identificadas pelos estudos, em que esses déficits acarretam em distúrbios de socialização, facilitam o envolvimento com drogas e álcool, aumentam a agressividade, contribuem na formação de adultos impulsivos, que tendem a acreditar que os apuros da vida são solucionados por meio da força e não do diálogo.
Ana Paula Gonçalves Martins Moreira Psicóloga especialista em Gestão de Competências em Recursos Humanos. Especialista em Terapia Cognitivo-comportamental. Psicóloga clínica de crianças e adolescentes. Palestrante, professora e supervisora de turmas de formação e especialização em Terapia Cognitivo- comportamental.