“Se aconteceu comigo, se mudou a minha história, pode mudar a história de muitas pessoas”.

“Se aconteceu comigo, se mudou a minha história, pode mudar a história de muitas pessoas”.

Era setembro de 2003 e poderia ser um dia normal de atividades no projeto social. Mas, para Jessica, sua vida mudaria de uma forma que os resultados da transformação seriam notórios por toda sua vida.

Deixe-me apresentar Jéssica, uma menina de 9 anos, que viveu grande parte da sua infância numa região violenta da cidade de Niterói (RJ). Recorrentes tiroteios e ações da polícia traziam uma sensação de estar sempre se escondendo de algum perigo e até mesmo com medo da morte. Além disso, a pequena menina presenciava adultos bêbados, gritarias e desprezo dos mais velhos para com os mais novos. Tais situações e sentimentos tornaram-se cotidianos para uma menina que desconhecia outra realidade.

No entanto, os dias de Jessica tinham mais esperança com as atividades no projeto social. Foi lá que ela conheceu a educadora do Projeto Calçada, Ana, que também era sua professora de reforço escolar. Ana percebeu a situação de tristeza em Jéssica e a convidou para ser aconselhada com a Bolsa Verde. Um pequeno convite para ouvir uma história, que transformaria a visão de si mesma e do mundo a sua volta.

Após uma breve introdução, Ana deixou Jéssica bem à vontade para dizer seus medos, suas tristezas, e como se sentia e se via diante de todo um cenário tão estarrecedor. E foi nesse momento de compartilhar que Jéssica confessou à Ana que se sentia como um rato acuado. Ela não tinha condições de se comparar à outra coisa. Ela se via, se sentia e, de fato, se comportava como se fosse um rato que foge, que se esconde pelos cantos, com medo.

Ainda durante o aconselhamento, no momento da oração, Jéssica chorou muito, mas confiante, pediu a Deus para se mudar do lugar onde morava. Ana, em seu coração, achou difícil que isso acontecesse, a realidade não apontava nenhuma possibilidade de mudança, e ela se preocupou com a possível frustração que poderia atingir a menina se aquele pedido não fosse atendido. Contudo, manteve sua preocupação para si e não expressou à Jéssica.

Para fortalecer a fé da pequena Jéssica e trazer à memória a esperança para a Ana, Deus ouviu a oração da criança. Dois meses depois da conversa com a educadora, a mãe da menina passou por situações difíceis por conta da violência do local e foi obrigada a mudar-se de lá. Com a ajuda de conhecidos de fora da comunidade, Jéssica se mudou para um lugar menos violento, junto com sua família.

Jéssica deixou aquele rato acuado para trás e seguiu sendo uma menina calma. Não que ela não perdesse mais a paciência ou que não se sentisse temerosa diante das dificuldades. Mas, agora, ela sabia que não estava mais sozinha, pois tinha Jesus ao seu lado para ajudá-la a se defender diante dos desafios da vida.

A menina cresceu e aprendeu que é possível mudar realidades de outras pessoas. Jovem, resolveu cursar Direito para defender outras crianças. Hoje é uma jovem segura e cheia de conquistas. Jéssica, agora casada e mãe de dois filhos, formada, encara a oportunidade de olhar para o passado. O tempo passa, mas sempre que Jéssica relembra do aconselhamento com a Bolsa Verde tem a certeza da mudança em sua vida. Ela pôde declarar que aquele momento foi especial, único e transformador: “se aconteceu comigo, se mudou a minha história, pode mudar a história de muitas pessoas”.


Escrita por Juliana Gonçalves e Beatriz Bastos.

A transformação que veio pelo cuidado.

A transformação que veio pelo cuidado.

“O Projeto Calçada tem sido uma ferramenta preciosa na restauração e cura das crianças, adolescentes e educadores do Programa Viver no Estado de São Paulo, a cada aconselhamento percebo a transformação na vida dos que são aconselhados com a Bolsa Verde, conforme relatado pelos educadores.
Dentre os atendidos, preciso destacar a aluna Poliana, de 14 anos. No aconselhamento, a aluna expôs que foi abusada sexualmente por seu primo aos 9 anos e não conseguia contar aos seus pais, pois estava com problemas de relacionamento com sua madrasta. Ela disse que se sentia rejeitada por eles e já tinha perdido a vontade de viver ao ponto de estar se mutilando.
Ao longo dos aconselhamentos, a mudança em seu olhar e na sua afeição foi nítida, ela se sentiu amada e preciosa para Jesus. Poliana está sendo acompanhada pela educadora Luisa e pela diretora da ONG que participa.
Foi realizada uma conversa com seus pais sobre o abuso sofrido e de como ela se sentia em relação a eles Houve liberação de perdão e reconciliação, as devidas providências em relação ao abuso estão sendo tomadas por sua família e a aluna está sendo acompanhada por uma psicóloga. Hoje encontro Poliana sorrindo, com sonhos e com o brilho de Jesus em seu olhar.”

Esse é um relato da missionária Luísa Karla de Freitas Melo, que trabalha no Programa Viver, em São Paulo. A transformação de Poliana é um exemplo da importância de cuidarmos da vida de crianças e adolescentes. Para isso, precisamos não só de ações e projetos, mas de informação. Se você entende essa necessidade de mudança e deseja saber mais sobre cuidados, proteção e direitos desses jovens, participe de nosso segundo Congresso Online, de 03 a 05 de outubro. Mais informações em www.projetocalcada.org.br/congresso.