O menino que quer ser um missionário.

O menino que quer ser um missionário.

Relato de uma educadora.

Há aproximadamente um ano tenho acompanhado Paulo mais de perto. Nesse tempo, tenho me surpreendido com como ele está crescendo e descobrindo seus dons e talentos. Há duas semanas visitei sua casa. Ele me mostrou orgulhoso a mochila que ganhara da igreja. Dentro estavam seus cadernos, lápis e outros objetos no estojo. Paulo estava preparado para voltar às aulas, confiante, sentindo-se amado e valorizado.
Às vezes ainda me surpreendo com como um aconselhamento bíblico pode ajudar tanto uma criança! Nesse período de um ano, ele foi aconselhado três vezes com a Bolsa Verde. Paulo compartilhou seus medos e pesadelos. Em um deles, falou das vezes que apanhou de sua mãe, especialmente quando a mesma estava nervosa. No decorrer deste aconselhamento, ele disse que a perdoava. Ele reconheceu suas próprias falhas e disse que sua mãe havia lhe pedido perdão e declarou que não queria mais bater nele. Não foi à toa que ao final do aconselhamento ele entendeu o amor e o perdão e disse que se parecia com “Deus que ama as pessoas”. Eu vejo o Paulo mais confiante, sem aquela vergonha e tristeza que percebia em seus olhos.
Paulo, que antes tinha o desejo de aprender a ler, agora lê muito bem as histórias na Bíblia. Ele aprendeu a procurar e marcar os textos que tocam seu coração. Nesta última visita, sua mãe me contou que ele mudou muito. Pontuou que o menino aprendeu a ler e sempre lê a Bíblia; ora com ela e a incentiva a orar; está muito bem na escola, em casa e com os amigos. Ele faz tudo que pode para estar nos cultos da igreja, especialmente na Escola Bíblica Dominical e no culto infantil. Paulo até brinca de culto com os seus sobrinhos! Eles são os pastores e Paulo o missionário.
Missionário é o que Paulo quer ser quando crescer. Nem se deu conta que já é! O pequeno já incentiva a mãe e a faz levar dois sobrinhos e uma sobrinha para o culto. Isso com seus 8 anos de idade!
No Natal, Paulo ganhou uma sacola de presentes com roupas e brinquedos, fruto de doação de uma família. Junto com os presentes, ele recebeu uma carta com um desenho da filha do casal. No desenho tinha Jesus, Paulo e a amiga nova. Mesmo com todos os presentes, disse que o ele mais gostou de ganhar foi a carta! Alguém se importou com ele e lhe escreveu sua primeira cartinha. Ele queria saber se a amiga havia gostado da carta que escreveu também. Pronto! É um missionário mesmo! Há um grupo de pessoas que intercedem por ele enquanto vai crescendo e comunicando sua fé.
Paulo, que antes vivia com o nariz sempre congestionado, uma criança magrinha e acanhada, agora está mais forte fisicamente e já não fica tão resfriado. Vendo isso, me recordo da mudança que houve na casa de Paulo, graças a mobilização dos doadores que receberam as primeiras cartas. Antes, a casa era cheia de mofo e goteiras, mas agora tudo está mais arrumadinho e pintado. Confesso que me surpreendi com a oração da mãe de Paulo nessa visita que fiz: “Senhor, te dou graças pela chuva que cai, que é uma benção e faz tão bem.” Agora com a casa protegida, ela dá graças a Deus pela chuva! E eu choro de emoção porque sei exatamente o que se passa no seu coração: gratidão! Muita gratidão!
Em um ano, como Paulo cresceu! Ele está crescendo em graça, estatura e conhecimento diante de Deus e dos homens (Lc.2.52). Assim como Jesus, que viveu na pequena Belém, um dia Paulo vai levar ao mundo a mensagem do amor de Deus, a mesma que o alcançou, sarou suas feridas, consertou o telhado de sua casa, transformou sua família e sua história.

 

Ana Silva

Educadora do Projeto Calçada

A transformação que veio pelo cuidado.

A transformação que veio pelo cuidado.

“O Projeto Calçada tem sido uma ferramenta preciosa na restauração e cura das crianças, adolescentes e educadores do Programa Viver no Estado de São Paulo, a cada aconselhamento percebo a transformação na vida dos que são aconselhados com a Bolsa Verde, conforme relatado pelos educadores.
Dentre os atendidos, preciso destacar a aluna Poliana, de 14 anos. No aconselhamento, a aluna expôs que foi abusada sexualmente por seu primo aos 9 anos e não conseguia contar aos seus pais, pois estava com problemas de relacionamento com sua madrasta. Ela disse que se sentia rejeitada por eles e já tinha perdido a vontade de viver ao ponto de estar se mutilando.
Ao longo dos aconselhamentos, a mudança em seu olhar e na sua afeição foi nítida, ela se sentiu amada e preciosa para Jesus. Poliana está sendo acompanhada pela educadora Luisa e pela diretora da ONG que participa.
Foi realizada uma conversa com seus pais sobre o abuso sofrido e de como ela se sentia em relação a eles Houve liberação de perdão e reconciliação, as devidas providências em relação ao abuso estão sendo tomadas por sua família e a aluna está sendo acompanhada por uma psicóloga. Hoje encontro Poliana sorrindo, com sonhos e com o brilho de Jesus em seu olhar.”

Esse é um relato da missionária Luísa Karla de Freitas Melo, que trabalha no Programa Viver, em São Paulo. A transformação de Poliana é um exemplo da importância de cuidarmos da vida de crianças e adolescentes. Para isso, precisamos não só de ações e projetos, mas de informação. Se você entende essa necessidade de mudança e deseja saber mais sobre cuidados, proteção e direitos desses jovens, participe de nosso segundo Congresso Online, de 03 a 05 de outubro. Mais informações em www.projetocalcada.org.br/congresso.