Como ajudar a criança a fortalecer a autoproteção?

Como ajudar a criança a fortalecer a autoproteção?

Olá, meu nome é Marisol Vargas. Sou mãe, professora e durante 20 anos tenho sido abençoada trabalhando com crianças na Colômbia, em ênfase na prevenção de abuso, na educação sobre a sexualidade segundo o que Deus criou, e na restauração emocional delas. Ao longo desta experiência tenho aprendido que é fundamentar guiar e proteger as crianças com base nos
princípios bíblicos, que promova afirmação e liberdade em suas vidas. Se fortalecemos a identidade delas, estrão preparadas para enfrentar diversas situações que surgirem.

Apresento 7 estratégias para ajudar crianças e adolescentes a fortalecerem a autoproteção:

  • Ensine as se verem como criação especial, assim como Deus as vê. Elas foram criadas por Ele com um propósito. Deixe-as saber que foram escolhidas, que são perdoadas e amadas, e que seu valor vem de quem elas são, não apenas do que fazem. Efésios 2:10
  • Guie-as enquanto estão crescendo. As crianças sempre precisarão ser guiadas por adultos, observando seu bom exemplos, suas boas práticas, enquanto estão crescendo. Deus nos concedeu grande privilégio ao nos dar filhos em nossas famílias. Provérbios 22:6
  • Crie espaços seguros e de confiança onde as crianças possam conversar sobre diversos temas e encontrar respostas para suas dúvidas, com base na verdade divina. 2 Timóteo 3:16
  • Demonstre interesse em conhecer seus gostos e fortaleça seu círculo de amigos. Ensine-as que Jesus é o verdadeiro amigo, que as ajuda e que pode satisfazer suas necessidades de aceitação, participação e pertencimento. Provérbios 13:20
  • Mostre-lhes que todo o seu ser é especial – espírito, alma e corpo – e merece respeito e cuidado. Faça-a entender que são um tesouro dado por Deus e que devem cuidar de si mesmas. 1 Tessalonicenses 5:23
  • Ajude-as a se protegerem da necessidade de agradar aos outros e de se automutilarem. Sempre haverá um desejo natural nas crianças de serem aceitas, mas devemos fortalecer sua autoestima e autoconfiança. Isaías 43:4-5
  • Ajude-as a compreenderem que tudo o que veem ou vivenciam afeta sua mente, suas emoções e sua vontade, que seus cinco sentidos são muito importantes. Ensine-as que elas têm autoridade para dizer “NÃO” a qualquer situação que coloque em risco sua integridade. Provérbios 14:16

Espero que estas 7 estratégias sejam úteis para você fortalecer a autoproteção de crianças e adolescentes com as quais convive. Desejo que você tenha muito sucesso em seu trabalho!

Marisol Vargas
Coordenadora do Projeto Calçada na Colômbia
Lider da Red Viva e do Movimento Juntos pela Infância na Colombia Fundadora de
Biblioeseñarte (materiais infantis para a prevenção de maus tratos e abusos) –
www.facebook.com/biblioensenarte.bea

onde deus mora?

onde deus mora?

Provavelmente seu filho e/ou filha já fez esta pergunta a você. Qual foi sua resposta? Em Deuteronômio 6
recebemos uma orientação de um tipo de relacionamento com Deus que estabelece uma rotina da
presença diária dele em nosso lar. Como podemos fazer de nossa casa um lar onde Deus se alegra em
estar?

  1. AMOR INCONDICIONAL
    “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua
    força.” (Deuteronômio 6.5)

    Nosso relacionamento de amor com Deus é a chave de um lar feliz. Pais/responsáveis* que amam
    a Deus aprendem o valor da obediência e do perdão, do cuidado e do respeito. Pais/responsáveis*
    que veem Deus como Pai são curados em suas feridas de infância e se tornam agentes de cura
    para a próxima geração.

  2. COMPARTILHAR REVELAÇÃO
    “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos…”
    (Deuteronômio 6.6 e 7a)

    Nosso alvo não é só levar a criança a saber histórias sobre Deus, mas a ter uma experiencia
    pessoal com ele. A palavra de Deus é viva quando muda nossa atitude. Precisamos compartilhar
    com nossos filhos e filhas nossas lutas, desafios e vitórias espirituais e conduzi-los a
    experimentarem a revelação de Deus para suas vidas.

  3. ANDAR JUNTO
    “…e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-
    te.” (Deuteronômio 6.7)

    Este texto nos fala de constância, de um estilo de vida. Valorize cada momento com seus filhos e
    filhas. Seja intencional nas conversas, nos momentos de refeição juntos, na hora do lazer, ao
    assistir a um filme juntos, ao colocar o filho e/ou filha para dormir e abençoá-lo, ao levá-lo para a
    escola. Todo tempo pode ser transformado em tempo de qualidade se você se aplicar em
    estabelecer a cultura do céu em seu lar.

  4. LEMBRAR EM ORAÇÃO
    “Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás
    nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.” (Deuteronômio 6.8)

    A Palavra de Deus é poderosa e precisa estar sempre diante de nós. Orar a Palavra sobre a vida
    de nossos filhos e filhas é a melhor maneira de orar dentro da vontade de Deus. Separe cada dia
    um texto bíblico e faça declarações de fé sobre a sua família. Escreva versículos e cole-o em
    lugares visíveis desafiando a família a memorizá-los. Deus tem um compromisso com a sua
    Palavra. As promessas e direções são para serem praticadas e a sua oração irá regar e fazer
    florescer estas sementes da Palavra de Deus. Não abra mão dos princípios dados por Deus e
    permita que ele tenha prazer em habitar na sua casa.

    *como responsáveis entenda-se avós, tios e demais cuidadores das crianças e dos adolescentes


    Ariadne Terrinha Motta
    Psicopedagoga, arteterapeuta
    Pastora de crianças na igreja da Família em Belo Horizonte
    @othilielariadne Motta
“MANHÊ! NÃO ACHEI!”

“MANHÊ! NÃO ACHEI!”

Quantas vezes ouvimos nossos filhos ou filhas gritando assim quando perdem algo dentro de casa. E a resposta é sempre a mesma: se eu for aí e encontrar você vai ver comigo! Mas as vezes nós pais ou responsáveis* perdemos coisas de valor dentro de casa como nossa aliança, um documento ou até mesmo nossa carteira e reviramos tudo até encontrar. Existem coisas preciosas que não podem ser compradas com dinheiro e que vamos perdendo no decorrer da nossa jornada, são os valores cristãos estabelecidos por Deus para fortalecer a fé da nossa família.

A parábola da dracma perdida nos ensina alguns princípios práticos para reencontrar valores preciosos que podemos ter deixado de praticar dentro de nossos lares: Ou, qual é a mulher que, possuindo dez dracmas e, perdendo uma delas, não acende uma candeia, varre a casa e procura atentamente, até encontrá-la?  9  E quando a encontra, reúne suas amigas e vizinhas e diz: ‘Alegrem-se comigo, pois encontrei minha moeda perdida’. Lucas 15.8 e 9

  1. CADA VALOR DE DEUS PERDIDO É INSUBSTITUÍVEL E PRECISA SER IDENTIFICADO
    A Bíblia é a Palavra de Deus e tudo que ele ensina é suficiente e prático para vivermos com alegria
    nosso propósito nesta terra. Você pode listar valores cristãos (como respeito, gratidão, compaixão,
    paciência, etc) que já experimentaram em família e em algum momento deixaram de praticar?
  2. A LUZ PRECISA SER ACESA
    Luz nos fala sobre trazer clareza, revelar, clarear. Quem pode nos ajudar a revelar os valores que
    foram perdidos é o nosso amigo Espírito Santo de Deus. Se nos aquietarmos com a Bíblia e o
    coração abertos diante dele, ele nos mostrará promessas e atitudes que esquecemos de praticar
    em algum momento
  3. É NECESSÁRIO FAZER UMA LIMPEZA
    Aquela mulher ao acender a candeia percebe que havia sujeira que poderia estar encobrindo sua
    dracma. Pega a vassoura e começa a limpar. Limpar me remete a arrepender de atitudes erradas,
    quebrantar o coração, reorganizar minhas prioridades, retirar da casa costumes e atitudes que não
    devem fazer parte da vida em família.
  4. É PRECISO PROCURAR COM ATENÇÃO
    Precisamos perseverar para viver os valores cristãos no nosso dia a dia e a melhor maneira é pelo
    exemplo. Se os pais/responsáveis estabelecem um estilo de comportamento que demonstrem os
    valores cristãos, os filhos e filhas observarão e imitarão os pais/responsáveis. A maneira como os
    pais/responsáveis se comunicam, como praticam atos de bondade, como se comportam quando
    cometem erros, como estabelecem uma rotina de relacionamento com Deus falam mais alto do que
    suas palavras e conselhos. Cada momento é uma oportunidade de transmitir um valor cristão
  5. CELEBRE AS PEQUENAS VITÓRIAS
    Celebre cada vez que observar seu filho ou sua filha praticar um valor porque está considerando a
    preciosidade dos outros. Elogiar os filhos e as filhas quando eles ajudam alguém, ou pedem
    desculpas ou até mesmo se comportam bem diante de uma situação reforçará a prática daquele
    valor. O encorajamento ajudará seu filho e/ou filha a continuar se esforçando para praticar os
    valores corretos.

    *como responsáveis entenda-se avós, tios e demais cuidadores das crianças e dos adolescentes

    Ariadne Terrinha Motta
    Psicopedagoga, arteterapeuta
    Pastora de crianças na igreja da Família em Belo Horizonte
    @othilielariadne Motta
Amar é combater o trabalho infantil

Amar é combater o trabalho infantil

“Depois disso, algumas pessoas levaram as suas crianças para Jesus pôr as mãos sobre elas e orar, mas os discípulos repreenderam as pessoas que fizeram isso. Aí ele disse: — Deixem que as crianças venham a mim e não proíbam que elas façam isso, pois o Reino do Céu é das pessoas que são como estas crianças. Então Jesus pôs as mãos sobre elas e foi embora. ” Mateus 19:13-15 NTLH

Certa vez eu tive a oportunidade de ver um vídeo desses que aparecem sugeridos em nossas redes sociais. O vídeo, realizado por uma emissora de TV brasileira, mostrava um experimento social chamado “Esqueceram de Mim”. Nele duas crianças uma negra e uma branca foram “esquecidas” sozinhas em uma calçada bastante movimentada que aparentava ser de um grande centro urbano, simulando estarem perdidas. O experimento buscava medir o grau de atenção/cuidado que cada uma das crianças receberia.

Em momentos diferentes cada uma das meninas foi deixada sozinha paradas em determinado lugar, monitoradas apenas por rádio e câmeras da equipe. A criança negra ficou quase uma hora sem ser notada pelas pessoas que passavam. A criança branca ficou menos de um minuto sozinha no local marcado. Muitas pessoas passavam e perplexas questionando como essa criança poderia estar ali sozinha! E rapidamente abordaram a criança branca e prestaram assistência. Exatamente no mesmo lugar que a criança negra ficou.

Talvez você tenha ficado extremamente triste com esse relato e se pergunte: como a nossa sociedade chegou a essa situação? Infelizmente situações como a que foi demostrada no experimento acontecem cotidianamente, a sociedade brasileira naturaliza a subalternização das crianças e os adolescentes negros todos os dias. É possível perceber certa “tranquilidade” de grande parte das pessoas diante dos quadros de exploração infantil nos grandes centros urbanos. E é triste constatar que a maioria dessas crianças são negras.

É exploração Infantil

Quantas balas ou doces você já comprou de uma criança ou adolescente negro nas noites ou madrugadas em sinais de trânsito? Em alguma dessas vezes você se perguntou o que aquela criança ou adolescente estaria fazendo ali, vulnerabilizada, correndo riscos? Muitos acionarão a resposta covarde e hipócrita: – É melhor estar vendendo bala do que roubando! Ignorando completamente que o fato de uma criança ou adolescente estar “trabalhando”em tais condições é exploração infantil. A maioria dessas crianças e adolescentes são negros e passam desapercebidos de nossa atenção e cuidado. Essa situação acontece de forma cotidiana em nosso país, a maioria de nossas crianças negras são invisibilizadas, alijadas de seus direitos e de condições de vida dignas.

Jesus e as crianças

Jesus é enfático em Mateus, capítulo 18, versículo 5 quando diz que ao recebermos uma criança nós estaríamos recebendo a Ele. Diante dessa fala poderosa de Jesus nos resta pedir perdão a Deus pelas crianças negras e adolescentes negros que rejeitamos, “apagamos” todos os dias.

Que atitudes devemos ter para mudar esse quadro? O primeiro passo é a conversão, é necessário mudar o olhar, libertar-se do pecado do racismo e da negligência na luta contra a exploração infantil. É urgente tomar posição e organizar atividades e eventos nos espaços em que você atua para falar sobre esse pecado que tem danificado a vida de milhares de crianças e adolescentes no Brasil e no mundo. Outro passo é buscar organizações que atuam no campo da proteção e defesa de direitos das crianças e adolescentes e na construção de relações sociais antirracistas e oferecer seu trabalho voluntário.

O desafio dos cristãos diante da defesa dos direitos das crianças e adolescentes. Acredito radicalmente no papel das igrejas, movimentos e organizações cristãs na defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes entendo que é necessário engajar-se, falar e agir. Não é possível que tantas violações de direitos das crianças e adolescentes aconteçam em um país majoritariamente cristão!

É imprescindível que as igrejas amadureçam teologicamente para esse desafio. Não podemos ignorar que o a Bíblia diz sobre as crianças e o papel delas no Reino de Deus. Não dá para esperar mais, ou a Igreja toma posição pela defesa da vida das crianças e adolescentes ou estará rejeitando Jesus de Nazaré. Cada igreja é uma embaixada do Reino de Deus na terra e precisa estar conectada com esse desafio, sem medo e sem recuos de base moralista, se negando diante daquilo que também é sua responsabilidade, é urgente assumir a causa.

O que é possível fazer?

Orar, participar e trabalhar. Nós cristãos temos muitas dimensões em que podemos nos envolver na promoção do bem viver e dos direitos das crianças e dos adolescentes. “Abrir os olhos” considerar a realidade das crianças e dos adolescentes negros, que são maioria nesse país, não tolerar mais que uns tenham direitos e outros não. Jesus é enfático em dizer que bem-aventurados são os que têm fome de justiça. Jesus também vem nos dizer que das crianças, e porque não dos adolescentes também, é o Reino dos céus. Jesus não diz que o reino pertence à determinadas crianças e adolescentes e às outras não, Ele diz que o reino é delas, ou seja, de todas as crianças e por que não dizer de todos os adolescentes.

Eu e você podemos atuar em muitas frentes e de muitas maneiras para mudar esse quadro tão injusto, podemos ser cooperadores dessa causa.

Ras André Guimarães
pastor metodista

Adoção: Vencendo os desafios emocionais da fase de aceitação

Adoção: Vencendo os desafios emocionais da fase de aceitação

O Dia Nacional da Adoção é celebrado no Brasil em 25 de maio como uma forma de conscientização sobre a importância dessa ação. A adoção é um ato de escolha e amor, em que tanto adotantes quanto adotado(s) passam por grandes desafios, mas também pode ser imensamente gratificante para ambas as partes.

A perda da família de origem

Geralmente, as crianças e adolescentes que estão inseridos no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) estão abrigados em uma instituição por seus direitos terem sido violados ou por questões de orfandade, em que não há mais pessoas da família que possam assumir a responsabilidade por eles, sendo necessário o cumprimento de ações judiciais que visam promover a proteção dos mesmos. Esse procedimento envolve a ruptura não somente da presença, mas também do vínculo familiar e comunitário, o que para estes é confuso de compreender, sendo um fator gerador de sofrimento que implica em um turbilhão de emoções.

A subjetividade infanto-juvenil não está pronta para tamanho luto e trauma, ainda que seja compreendido pelo mundo adulto que aquela decisão é a melhor para sua segurança. A equipe técnica da instituição de acolhimento formada por profissionais tais como: psicólogo, assistente social, pedagogo e educadores, deverá trabalhar as questões individuais de cada criança e adolescente, bem como sobre a proposta de estarem inseridos em um novo contexto familiar através da adoção.

Aceitação de uma nova história…

Podemos dizer que o processo de aceitação na adoção inicia-se antes mesmo do estágio de aproximação e convivência, quando os adotantes tomaram essa decisão e quando a criança e/ou adolescente entendeu a possibilidade de ter uma nova família.

De acordo com Kübler-Ross, autora do livro Sobre a Morte e o Morrer, o luto tem 5 fases: negação, raiva, barganha ou negociação, depressão e por último, aceitação. Essas fases podem ser vividas de forma diferente de acordo com cada indivíduo e não necessariamente nessa ordem. O tempo de vivência dentro de cada estágio também é muito particular. É na aceitação que a criança ou adolescente tem mais tranquilidade e abertura para expressar sobre suas perdas, frustações, medos, e receber melhor a inserção familiar.

A aceitação pode ser demorada para alguns. Envolve aceitar a sua história de vida, o novo modelo parental, a nova realidade social, novas regras, novos ritmos, novo sobrenome, nova identidade. No entanto, do ponto de vista emocional, essas informações também vão formando no indivíduo o senso de pertencimento, o que lhe atribui valor pessoal e consequentemente, retribuição de afeto, podendo levar-lhe a também adotar àquela família como sua, o que é uma resposta positiva e aspecto aguardado e gratificante para os adotantes.

Vinculação, apego e integração

Para que aconteça a formação do vínculo familiar é necessário tempo, confiança e consistência, o que requer paciência, dedicação e amor dos pais para essa construção que não pode ser baseada na própria carência afetiva. Portanto, não é fácil e para que seja mais leve, é indicado a construção de uma rede de apoio formada por profissionais, amigos e a participação em grupos pós adoção.

Sabemos de antemão, que todos nós fomos um dia fomos adotados, o que nos trouxe a possibilidade de sermos chamados filhos e herdeiros de Deus (1Joao 3:1) e este mesmo é o que gera o amor e recursos internos que precisamos.

Depois da superação dos desafios emocionais da aceitação, vem a integração e comprometimento. Já em uma fase mais acomodada e confortável, pais e filhos, vinculados, continuam amando-se mutuamente, apesar de não ser tudo perfeito como em qualquer família. Contudo, na certeza de que vale a pena o esforço e a escolha por adotar, porque é sobre acolher e ser acolhido, amar e ser amado.

Fabiane Nunes Ferreira Queiroz da Silva
Psicóloga com pós-graduação em psicologia clínica; membro de JOCUM – Jovens
Com Uma Missão; multiplicadora do Projeto Calçada – Associação Lifewords Brasil.

Mulheres: Uma Grande Força No Cuidado Emocional Infantil

Mulheres: Uma Grande Força No Cuidado Emocional Infantil

Atualmente, e cada vez mais, estudos científicos na área da saúde mental evidenciam a
importância do cuidado emocional da criança, e repercussões da relação pai-mãe-bebê à
saúde mental infantil e, a longo prazo à de adolescentes e adultos. Dessa forma, diante de tão
vasto assunto, aqui nos propomos introduzir reflexões posteriores sobre tão abrangente
temática.

Nessa reflexão, introduzimos observações sobre aspectos relacionados ao processo de
crescimento e desenvolvimento integral da criança e a relevância do papel das mulheres nesse
processo, mais especificamente, no Cuidado à Saúde Emocional.
Reforço que esse cuidado perpassa, e conecta olhares e saberes integrados à saúde mental
infantil e juvenil. Que indescritível desafio e privilégio! Esse também pode e deve ser
compartilhado com a participação do homem – pai. Pai presente e participativo no cuidado
emocional do filho/a. Bem, mas aqui o nosso foco é: a força da mulher nessa função: Cuidado
Emocional Infantil.

Mulheres no cuidado e proteção

Oportuno enfatizar que me refiro a um CUIDADO QUE PROTEJE, PROMOVE SAÚDE
EMOCIONAL E PREVINE ADOECIMENTOS NA SAÚDE MENTAL. Um cuidado consciente; baseado
em experiências positivas e consistentes; integrado em fatores protetores e promotores ao
crescimento e desenvolvimento total da criança e adolescente; e que corresponde as
demandas de caracteres pessoais e individuais em contextos ambientais do seu cotidiano –
fatores epigenéticos à Saúde Biopsicossocial infantil. DESAFIADOR? Sim, DESAFIADOR!
Contudo, reiteramos a afirmativa do tema – Mulheres: Uma Grande Força No Cuidado
Emocional Infantil!

Ser Mulher ..

Para tanto, o que resumidamente podemos destacar na pessoa da mulher, e com potencial
resposta positiva à tão enfática afirmação?

Ser Mulher – relevância ímpar da criação; ser com diversidade de potencialidades em sua
própria história; potencial participativo e influente no protagonismo pessoal, familiar,
comunitário, social e espiritual. Dessa forma, com potencialidades a serem desabrochadas nas
diversas fases da vida, papéis e desafios de seu ciclo vital – nasce uma mulher! Capacidades
imensuráveis de: virtudes, competências, habilidades, talentos, criatividade, empatia,
determinismo, persistência, resiliência, superação, … compõem uma mulher! Atributos que
urgem serem instrumentalizados em ferramentas uteis, habilidades imprescindíveis no
cuidado à saúde emocional infantil e juvenil.

Um admirável, abrangente cenário de cuidado emocional: a maternidade! Materno e eterno,
marcas que podem transcender o mundo natural (secular), e impactar o sobrenatural
(espiritual), no sentido da referência materna no cuidado à saúde integral e educação à vida
dos filhos. Que imensurável privilégio e tamanha responsabilidade! Assim, requer de nós,
mulheres; muita atenção, dedicação, compromisso, alerta!
E o que pensamos e enfatizamos, sobre a força desse cuidado emocional feminino em
contextos mais ampliados: social, comunitário, espiritual, profissional; indo além do ambiente
familiar, no atual cenário? Aqui refiro ao cenário extremamente desafiador, sobretudo quando
ainda enfrentamos demandas decorrentes da Pandemia Covid-19, impactos impossíveis de mensurar em suas múltiplas dimensões e expressões a curto, médio e longo prazo. Demandas que requerem ações conjuntas, articuladas e interligadas com estratégias de enfrentamento mobilizando todos os setores sociais atuantes no cuidado à saúde mental do público infanto-juvenil e suas famílias. Eu, você, todos convocados/as a entrar, mobilizar, movimentar uma grande rede de atenção e atuação.

Pela abrangência e possíveis desdobramentos do tema, conforme acima referido,
pretendemos continuar nossas observações em reflexões posteriores. Nesse sentido, aqui
focamos atributos do Ser MULHER relacionados à função cuidado emocional. Lembrando
sempre: para o ser integral – a pessoa, sempre se faz necessário um cuidado individualizado –
pessoal e integrado de suas partes (físico, mental, social, espiritual).

Ressalto que: pesquisas têm evidenciado a importância da relação pai-mãe-bebê; que na vida
intrauterina inicia o desenvolvimento de estruturas cerebrais relacionadas a saúde mental; e
que as experiências positivas, de vínculos relacionais seguros até os três anos de idade são
muito mais importantes do que imaginamos à saúde mental da futura criança. E essa pessoa –
criança, é o futuro adolescente, e a longo prazo, um adulto com suas memórias emocionais,
inseridas e compondo sua história de saúde ou adoecimento mental.

Como ser exemplo de mulher

Nesse sentido, vejamos um cuidado que acompanha fases de desenvolvimento de uma
pessoa, um sumário relato, mas percebo como exemplo de mulheres promotoras do
desenvolvimento integral do educando infanto-juvenil: Lóide e Eunice – avó e mãe de
Timóteo. E o que aqui podemos destacar?

Semelhante ao panorama da sociedade atual: são mulheres que marcam, influenciam
positivamente suas vidas, famílias, a vida de seus filhos, netos, comunidade e sociedade,
mulheres que se destacam por seu exemplo de fé, vida digna, cidadania, honradez, caráter,
vida social referenciada. E sobre o poder, a força dessas mulheres (Lóide – avó e Eunice –
mãe)? Elas foram referências nas credenciais de Timóteo para Paulo. Uau! Ilustres,
Extraordinárias Mulheres! Conforme citações em: 2º Timóteo 1.1-7, 1º Timóteo 1.18-19; Atos
16.1-3. 1º Co.4.17

E nós; mães biológicas, mães sociais, educadoras, pessoas direta ou indiretamente
participantes da rotina, do cuidado cotidiano, influentes no processo educativo de uma
criança, adolescente; que história de referência estamos construindo com nossos educandos?
Quais as marcas estão sendo registradas em suas memórias afetivas, sociais e espirituais?
E aprofundando nossa visão e análises, como estamos ajudando construir a árvore genealógica
da saúde integral da nossa família?

É essa árvore que irá alicerçar raízes, estruturar, ramificar, frutificar a genealogia social,
emocional e também espiritual na vida de filhos, netos e famílias sucessoras. Somos seres
tridimensionais, necessitamos crescer de forma integralmente saudável. E isto, requer um
desenvolver salutar das partes do indivíduo – corpo – alma – espiritual e social.
Árvore frondosa é o que normalmente desejamos, sonhamos, queremos em nossas vidas e
famílias. E o que, e como estamos plantando? Quais sementes estão sendo semeadas? Como
adubamos, regamos, cuidamos da plantinha chamada vida do educando, filho, neto, família?
Esse é tempo de despertar, mobilizar nossa maior atenção em ações preventivas e corretivas
junto as nossas crianças!

E ainda, ampliando nossos olhares ao cuidado integral para com os escolares: Nunca como
antes, na história dos PROCESSOS DE EDUCAÇÃO, precisamos estar cientes em nosso papel
como educadores, instrutores prioritários, tutores na educação básica dos filhos. Escola –
ensino, Família – alicerça e, solidifica a educação! A família e a escola devem ser
complementares, interatuantes, organismos parceiros, e não excludentes nos processos
contínuos de desenvolvimento de habilidades emocionais e sociais, ensino e aprendizagens.
Oportuno evidenciar: ao cuidado emocional à faixa etária infantil e juvenil, importa também
continuar a atenção aos aspectos relacionados ao desenvolvimento da espiritualidade.
Imprescindível que haja estratégias coerentes, assertivas e efetivas e, uma caminhada de mãos
dadas (família-igreja, família-escola). É vital, e prudente evitarmos, separar essas mãos
(família-igreja, família-escola). Por vezes, em cenários, onde estes organismos vitais ao
crescimento e desenvolvimento integral do indivíduo atuam em partes isoladas; o educando
(filho, aluno) sente-se solto, confuso, perdido, voando, tal qual uma folha solta. Contexto este
muitíssimo perigoso, onde todos podem sair perdendo, em especial, a criança e adolescente.
Especificamente nesse cuidado, é preciso muita atenção à nossa responsabilidade e
convocação à missão integral com os nossos filhos/as, educandos/as!

O privilégio da mulher ser mãe

Que privilégio, e responsabilidade, Deus confia a cada uma de nós. Assim, quando pensamos,
planejamos e gestamos um/a filho/a, temos o compromisso de buscar em Deus – o autor da
vida, a sabedoria, investir na busca de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades e
competências adequadas as necessidades especificas de cada faixa etária e demandas pessoais
e individuais, de forma que: possamos desempenhar com maestria a mais desafiadora,
brilhante e preciosa função feminina – o exercício da maternidade!
E na prática, como desenvolver e quais ações podem promover esse cuidado integral?
Continuaremos com esses desdobramentos em novas reflexões. Assim, até breve, desejando
que cada criança, cada adolescente, em seu ambiente familiar, aonde estiver, ou por onde
passar; desfrutem do CUIDADO que PROTEJE, PREVINE, PROMOVE SAÚDE INTEGRAL!

Joseana de Oliveira Menezes Galvão
Médica com Pós-graduação em Sexualidade Humana, Terapia Familiar, Problemas
Relacionados ao Uso Abusivo de Álcool e Outra Drogas Brasil.
Consultora do Programa Claves Brasil – Programa de Prevenção aos Maus tratos e Promoção
de Bons Tratos em Família – www.clavesbrasil.org
Membro do Conselho da Associação Lifewords Brasil – Projeto Calçada –
www.projetocalcada.org.br